A Sr.ª D. Júlia Moniz, ao publicar este seu "Adeus, até à Eternidade", acaba de nos dar um testemunho invulgar de uma cristã rural que, embora sem concordar com certos costumes ou legalismos desencarnados da vida real, é trabalhadora, honesta e íntegra. Acredita num Deus que é Pai e que é Amor. Num Deus que ela consegue ver, e bem, em todas as coisas, nos acontecimentos, nas árvores, nas águas que brotam em cascata, e até nos animais domésticos ou de serviço rural, inclusive no seu velho macho que, por estar velho, é vendido para abate. Tudo lhe fala e a leva a Deus.

Por tudo e a propósito de tudo se "encontra e fala com o seu Deus", ou seja, reza. Numa escrita corrente, simples e despretensiosa, de leitura agradável e repousante, esta publicação responde à crise social de valores, resultante do aparecimento dos novos deuses reinantes, ou que pretendem impor o seu reinado, nesta nossa Sociedade.

O seu amor a Deus e a sua confiança ilimitada Nele;

A sua consciência recta e bem formada;

O seu amor respeitoso para com todas as criaturas, revelações desse mesmo Deus;

A sua compreensão e acolhimento;

A sua amizade e educado espírito altruísta;

levam-na a pôr sempre Deus no topo, como objectivo último, do seu sentir e agir. Este é o seu testemunho, D. Júlia, que não acredito ser fruto do acaso.

Nele vejo o dedo de Deus que aponta, a todos e a cada um, rumos de dignidade pessoal, de entreajuda colectiva e de fidelidade a Ele, Criador e Senhor, que nos Ama. Noé, aflito, como nos tempos de hoje, com a maldade que o rodeava, terá pensado que Deus, salvando uns tantos bons da catástrofe do dilúvio, acabaria por limpar do mundo do seu tempo todo o mal e todos os maus.

Mas não foi assim. Porque esses não são os caminhos de Deus, que a todos ama e a todos acolhe.

Amar Deus nas pessoas e nas coisas criadas é o caminho certo para, como cristãos, enfrentarmos as desigualdades que a sede do poder e do ter criaram entre nós.

Estamos perante uma Mulher forte, com profunda estrutura cristã, com um sentido de verdade, de coerência e de justiça, que, por vezes, nos pode parecer rebeldia.

Recentemente o Papa Bento XVI lembrou-nos que "a Igreja e os Cristãos não existem para dizer Ámen!". E de facto assim é.

Não podemos sancionar tudo o que nos é sugerido ou imposto, mesmo que isso nos acarrete o rótulo de "desalinhados", de "opositores" ou de "fascistas". Será então rebeldia:

- Pedir ao Pregador que se cale porque a criança ouvinte, a cair de sono e cansada do trabalho rural, não consegue ouvir mais aquele saturante sermão nocturno!?

- Não aceitar os jejuns e abstinências quaresmais, limitando a alimentação a quem, sem grandes recursos, tem de trabalhar todo o dia esforçadamente!?

- Não aceitar a chancela de pecado em tudo e por causa de tudo!?

- Recear entrar no Colégio Conciliar de Maria Imaculada, da Cruz da Areia, só por este ser dirigido por Religiosas, e a sua ânsia de vida não previa, nem queria aceitar para já, esse caminho de perfeição e de serviço!?

- Não aceitar a maneira aligeirada, nem muito menos a insinuada suposição de um hipotético aborto de adolescente, daquela Religiosa Enfermeira, no velho Hospital de D. Manuel de Aguiar, de Leiria, face à intransigente exigência e ao elevar da voz desta jovem, que apenas quer ser observada por um Médico no intervalo das suas aulas; tempestade essa que só serena graças ao acolhimento calmo e compreensivo do Enfermeiro Álvaro, das Cortes, que, ao ouvir falar alto, se aproxima, se apercebe tratar-se de alguma gravidade, e que de imediato, providencia a uma consulta particular num especialista de otorrino, onde ele próprio se faz presente, e acaba por pagar a consulta e os medicamentos receitados!?

Não! De facto, nada disto é rebeldia.

Será antes um grito de quem não aceita a indiferença, a insinuação malévola, o desprezo pelas aflições dos outros, porque tudo isso revela desrespeito por Deus que, sendo Pai, a todos ama como filhos e a todos quer ver felizes. Por tais razões não aceita, nem pode aceitar, de modo algum:

- Um Deus polícia, castigador e vingativo;

- Um Deus que sobrecarrega, que impõe jejuns, sacrifícios e práticas desadequadas;

- Um ar desdenhoso ou desinteressado daqueles que são Sua presença viva;

- Uma Igreja legalista, tradicional, por vezes, prepotente, intolerante e intrometida na vida dos cristãos e nas suas opções profissionais, familiares e sociais; outras vezes castradora de liberdades, fundamentada na ignorância ou no medo.

Nesta publicação descobre-se facilmente que D. Júlia Moniz tem como objectivo principal, além do revelar a sua vida rural numa família tradicionalmente cristã, o de catequizar, versando de modo prático a nobreza das virtudes aprendidas na Catequese Paroquial e cimentadas no seio duma Família, onde diariamente se reza e se serve a Deus.

Com tal objectivo, aí vai a D. Júlia, neste livro a Inês Margarida, meio sonho meio realidade, a descrever o camionista que dá boleia habitualmente, mas que não sabe rezar, nem o que isso é. Descreve-o como homem algo evoluído, humanamente bem formado, bondoso e entregue ao seu comércio.

Daí passa à estranha boleia dada à Inês Margarida, à estranhíssima, eu diria até inverosímil, rota, chegando ao impossível de se perder, até ao limite de ter de passar dias no camião, e de esgotar os poucos alimentos e o gasóleo do depósito. Para, no final de tantos impossíveis, surgir, como bela página da sua Catequese:

- O convite constante à oração, como louvor a Deus, e também como petição, ao falar com Ele, daquilo que os aflige;

- A manifestação de fé na presença de Deus nas coisas e até nas contrariedades;

- A busca contínua de solução para as necessidades próprias e alheias;

- A demonstração de dignidade e de respeito no conviver diário, durante vários dias, naquele camião com aquela jovem faladora e descontraída;

- A revelação da formação moral e académica da estranha pendura;

- O aparecimento do lavrador, simples e prestável, qual resposta de Deus á oração, que logo se prontifica a ajudar, pondo à disposição daqueles dois perdidos, não só os frutos da sua cultura, mas também o gasóleo do seu tractor;

- O amor à Família, preocupação máxima daquele camionista, uma vez que a tempestade prejudicara as comunicações telefónicas, e a mulher estava sem notícias;

- O enfrentar a traição conjugal e o próprio divórcio, com toda a serenidade, sem discussões nem qualquer vingança ou retaliação, mas deixando bem claro que "Tu tens de escolher, ou ela ou eu!

Mas eu fico com o direito de escolher outro ou não!", dando-lhe sempre algum tempo para repensar, embora a decisão inicial tenha sido pela "outra";

- Até chegar ao divórcio amigável e à divisão pacífica, e generosa, dos bens.

- A derrota da vida daquele homem, explorado pela sua nova conquista que lhe suga todos os bens, destruído económica, física e moralmente, esfomeado e andrajoso, a viver na rua da grande cidade com os marginais.

- A procura incansável, por parte da mulher e dos filhos, daquele que, correndo atrás das ilusões da vida, os abandonara à sua sorte, até o encontrarem e, qual Bom Samaritano, o levarem para o Hospital e depois para um Hotel, pagando-lhe todas as despesas, barbeando-o e vestindo-o com roupas novas.

Tal descrição revela bem a força e a estrutura interior da Autora, na defesa exemplar do resumo de toda a Religião – Amar a Deus e Amar o próximo – e o próximo mais próximo, inclusive aquele que lhe pedira o divórcio.

É esse amor que a arrasta a procurá-lo, que a faz gastar do seu bolso de mulher abandonada as poupanças da sua austeridade, para acudir à miséria total daquele que, outrora rico, tudo esbanjou, e deixou sumir debaixo dos pés.

Nem a riqueza, nem a abundância dos bens herdados da casa paterna, nem e existência de mulher e filhos, resistiu à degradação daquele bonitão, cujo deus, por breves momentos, fora o dinheiro e o sexo.

Esta é a catequese da alegre e irrequieta Inês Margarida.

Este é o seu passar à prática vivencial o amor ao próximo por amor a Deus.

Isto é o saber que o pobre, o andrajoso, o viciado, o desgovernado, o desorientado, o impudico e o mau administrador dos bens e da vida, Todos são filhos amados de Deus; Todos são presença desse mesmo Deus na nossa vida; Todos são ocasião para estendermos a mão e, amando, nos encontrarmos com Deus. Só assim se entende perfeitamente a expressão do P. Comboni, que Susana Vilas Boas, numa publicação recente, rotulou de "A profecia", quando escreve: "Se vais ao começo do mundo encontras o rasto de Deus. Se vais ao fundo de ti, encontras Deus, Ele mesmo!"

Desta feliz descoberta de Deus no mundo, nas coisas e em nós mesmos, brota a catequese da nossa corajosa Autora enfrentando os aplausos e as indiferenças, ou talvez até as controvérsias e os desprezos.

E aqui cabe recordar o que nos disse o Papa Bento XVI:

"A religião é uma garantia de autentica liberdade e respeito que conduz a olhar cada pessoa com um irmão ou irmã."

E, mais recentemente, o mesmo Papa assegura:

"No nosso tempo, o preço que temos de pagar pela fidelidade ao Evangelho já não é ser enforcado, desconjuntado e esquartejado; é antes, e de modo frequente, ser excluído, ridicularizado ou parodiado."

Eis o novo martírio do cristão de hoje: ser achincalhado ou desprezado por revelar testemunhalmente o que crê, por que crê e por que vive ou trabalha.

Obrigado, D. Júlia, pelo exemplo de tal testemunho, tão seguro e tranquilo.

Os mártires não vacilam. Não representam a sua vida nem a sua fé. Nem muito menos são capazes de trocar o seu Deus, ao sabor dos ventos das conveniências ou de interesses fugazes. O cristão não é "cata-vento". Nós não somos "cata-vento".

Continue por isso, D. Júlia, a escrever não só "até que a mão lhe doa", mas mesmo que "a mão lhe doa".

Este seu livro enfrenta e afronta a nossa Sociedade de hoje, em crise de valores, de dignidade, de respeito e de modelos de desenvolvimento para onde foi arrastada pela preocupante expulsão, ou mesmo negação, de Deus:

- Da Constituição onde a palavra "Deus", de tão pequena, poderia tomar o documento demasiadamente extenso;

- Da Escola, onde o Cristo Crucificado, de braços bem abertos, grita, ou gritava, um Amor total por todos sem distinção de crenças, de cores ou de raças;

- Da Família, alvo:

- Dos ataques constantes à união matrimonial, séria, sólida, e "até que a morte os separe";

- Das facilidades do divórcio, das uniões de facto ou de homossexuais;

- Das práticas abortivas, da banalização e desvirtuamento dos fundamentos e finalidades do casamento como instituição sagrada;

- Pela procura desenfreada do lucro, entendido como meio de felicidade, semeando à sua volta o desemprego, o servilismo, o atropelo dos direitos dos outros, e a fome.

- Pela difusão da corrupção e de todas as formas de criminalidade, porque o mundo é dos espertos, eu diria, dos mafiosos.

- Pelo enriquecimento ilícito à custa da injustiça, da prepotência e da miséria, física ou moral, de tantos.

Mas voltemos á publicação que hoje aqui nos reúne.

Se a vossa benevolência me permite, passemos rapidamente, por cada um dos Capítulo deste "Adeus até á eternidade".

O título, também integrado nessa catequese, é a sua primeira lição.

Inicialmente, pensado para se chamar "O Segredo", título, quanto a nós, bastante redutor, embora capaz de suscitar alguma curiosidade;

Optou, felizmente, pelo de "Adeus, até à Eternidade", muito mais catequeticamente apelativo, porque é:

- Um "até logo" e não uma despedida;

- Uma afirmação da nova vida, a eterna, para além deste tempo de prova;

- Um colocar-nos na perspectiva de Deus, no intemporal, no eterno.

O Cap. 1° - Fala-nos:

- Do sonho de uma criança de, quando for adulta, escrever livros; e o sonho continua hoje a realizar-se, porque este livro já não é o primeiro, nem certamente será o último com que a D. Júlia Moniz nos enriquece;

- Do peso dos trabalhos agrícolas, desde muito criança e de sol a sol, onde o termo "preguiça" é vivencialmente desconhecido, o que dá uma enorme preparação para a vida, para a formação do carácter, para a valorização e desenvolvimento de qualidades; (fala-vos quem passou por tudo isso e hoje o reconhece e o agradece a Deus);

- Da chancela de pecado nas coisas mais triviais da vida;

- Da libertação do Deus polícia, para O descobrir como Pai;

- Das saudades do macho de trabalho, vendido para abate, como coisa inútil, como se algo fosse arrancado àquela criança.

O Cap. 2° - Retrata, e bem:

- O rezar, ou melhor, bichanar de orações, dentro da Igreja, por alguns ditos "cristãos" devotos, mas sempre com os olhos a farolinar quem entra, para intervalarem reparos sobre o que veste, quais os bens de Família ou que namorado tem;

- A Semana Santa, triste, jejuada e sem bailes;

- O Padre e da sua difícil missão de vida consagrada, porque, diz a Autora, "sendo um homem como os outros, não pode renegar a Natureza".

Aflora aqui veladamente o fim do celibato eclesiástico, sem o afrontar, mas como ideia que vai germinando; assunto este que, como é evidente, no aqui e agora desta intervenção, e dada a minha situação pessoal, não posso, nem devo comentar, defender ou contestar;

- Do pobre que pede esmola de porta em porta e a agradece rezando;

- Da dona de casa que se afadiga para ter a comida na mesa à hora, a fim de evitar implicações dos que chegam cansados de trabalhar;

- Do Cristo que veio libertar, não escravizar, mas que não nos quer como turistas.

O Cap. 3° - Revela a criança que, por bondade e compaixão, esconde no forno o garoto esfomeado e até lhe promete não o denunciar e dar-lhe uma broa inteira.

O Cap. 4° - Descreve a criança que, em plena pregação nocturna, grita bem alto, "Acaba lá o sermão! Estou farta de te ouvir!"

O Cap. 5° - Defende que à Igreja não se vai só pelos cânticos ou por que o Padre fala bem, mas para nos encontrarmos com Deus.

O Cap. 6° - Regista os olhos do bonitão, a cobiça das mulheres, a separação do casal, mas essa "só porque quero a tua felicidade", referindo ainda o gosto de recordar os seus tempos de criança.

O Cap. 7° - Conta como o homem do restaurante reconhece a criança, agora mulher.

O Cap. 8° - Descreve o garoto:

- Que dorme com os gatos ou no forno para ir à broa;

- Que come as filhós do vizinho enquanto este vai com a Família à Missa do Galo;

- Que come dos chouriços do fumeiro, ou das sardinhas e das pevides das abóboras que estão no estendal a secar.

O Cap. 9° - Retrata o motorista Toino, que dá boleia, que sabe ouvir as pessoas, que percebe quando lhe estão a mentir, mas que leva sempre consigo os olhos doces da mulher e das filhas, para que nada o consiga seduzir.

Regista também o carinho da mulher que coloca sempre no camião provisões abundantes para qualquer atraso ou imprevisto de viagem.

O Cap. 10° - Volta ao camionista

- Que acolhe a Inês Margarida, para uma boleia sem destino;

- Que lhe dá de comer e que a ouve com atenção e interesse;

- Que lhe diz para estar à vontade porque tem mulher e duas filhas a quem adora. Esta retribui falando-lhe da história, da literatura e, sobretudo, ensinando-o a rezar.

O Cap. 11° - Revela como a mulher traída é delicada e respeitosamente colaborante.

O Cap. 12° - Regista a avó que, sem recursos, cria um neto, fruto de uma sua filha de vida fácil.

O Cap. 13° - Revela a bondade da menina que, ao sair de Escola:

- Oferece peras a um colega faminto;

- Lhe pede para ficar em sua casa, por ter maior comodidade e conforto;

- Descobre que a ambição daquele pequeno é, quando for adulto, ter um camião.

Termina este Capítulo referindo o bom Benedito que, com autorização da avó, leva para casa o pequeno António, como se seu filho fosse, dando com isso grande alegria à esposa, que era estéril.

O Cap. 14° - Fala fugazmente dos estudos no Colégio da Cruz da Areia.

O Cap. 15° - Aflora o problema dos emigrantes clandestinos no País e da urgência de uma revolução social no mundo do trabalho e do emprego estável e remunerado.

O Cap. 16° - Relata a infecção nasal da Inês Margarida, a sua ida ao Hospital e ao Médico especialista.

O Cap. 17° - Ressalta a bondade e o cuidado profissional do Enfermeiro Álvaro que a atende, a leva ao especialista e lhe paga os medicamentos.

O Cap. 18° - Regista como aquele camionista chega a Deus através daquela jovem a quem dera boleia, por quem aprendera a rezar, e por quem, esgotados os víveres e o gasoil, encontram o caminho.

O Cap. 19° - Fala da cozinha improvisada com os donativos do lavrador.

O Cap. 20° - Refere como o camionista agradece a Deus aquela refeição e, imagine-se, como agradece também o "gosto de ouvir falar" aquela sua irrequieta pendura.

O Cap. 21° - Revela como aquele homem bom tem pena de não ter estudado e a importância que teve para ele o encontro com tão estranha e faladora jovem.

O Cap. 22° - Ressalta a lição de história da pendura, ao falar ao motorista:

- Do "Rei Sol" de França; - Da arte portuguesa; - Da vida desregrada de fidalgos e de clérigos; - Da descoberta da passarola do Bartolomeu de Gusmão; - Dos malefícios da Inquisição; - Do Convento de Mafra, apoiando-se no "Memorial do Convento", de José Saramago, registando o fruto da promessa de D. João V e sua mulher, D. Maria Ana de Áustria, ou seja o nascimento do que veio a ser D. João VI, para a seguir falar do esbanjamento deste, da sua tentativa de "comprar o céu", das escadas que se sobem só para o próprio interesse, passando pela Igreja que defende o poder temporal ou se encosta a ele, para terminar dizendo que "na procura de felicidade todos somos iguais".

O Cap. 23° - Apresenta-nos o "D. Juan" e a sua vida dupla, e, passando ao sector feminino, regista como, tantas vezes, "o ter dinheiro é o fundamento da escolha".

O Cap. 24° - Fala-nos da fé e da confiança da Inês Margarida, da descoberta que faz das coisas e do seu valor face a Deus.

O Cap. 25° - Revela a fome que a leva a pedir ao lavrador Justino os frutos da terra.

O Cap. 26° - Regista a estranheza deste lavrador por tanta alegria daquela esfomeada que, recebidos os bens da sua cultura, o convida a rezar e a agradecer a Deus esses mesmos bens, gesto este que o leva a dar toda a ajuda gratuitamente.

O Cap. 27° - Demonstra como:

- O lutar é meio caminho andado para vencer;

- É verdadeiro dizer-se "eu fiz a minha parte e agora Deus fará o resto";

- Ela própria se considera "mulher do mundo inteiro, mas não apegada a ele";

- Todos temos "pés de barro e estamos sempre sujeitos a cair".

O Cap. 28° - Refere os amantes de luxo da Flávia.

O Cap. 29° - Fala da esposa, algo ciumenta, a quem chegam notícias pela Polícia dada a avaria telefónica, provocada pelo mau tempo.

O Cap. 30° - Aponta como o infeliz Francisco Manuel:

- Cronometra o seu tempo por vulgaridades, após o abandono do Lar;

- Suporta o acicate da amante para que explore o mais possível a mulher no divórcio;

- Fica inactivo face à amante insaciável por dinheiro, por todo o seu dinheiro, até tudo lhe gastar e o deixar cheio de dívidas.

O Cap. 31° - Espelha de novo toda a força moral da nossa Autora ao:

- Preferir ser rotulada de "escritora cota e desactualizada", em vez de ser "um best-sellers" escrevendo sobre sexo, traição, despudor, calúnia, ganância ou vaidade;

- Afirmar, frontalmente, que o "sexo e o dinheiro têm um lugar na vida, mas pô-los em primeiro lugar, Nunca;

- Referir o retrocesso da ordem espiritual e moral da Sociedade hodierna, da actual depravação de costumes, das liberdades ou libertinagens, do "gozar a vida", e da diminuição dos nascimentos porque, "para vestir à moda e passar férias no estrangeiro", não há lugar para filhos.

O Cap. 32° - Denuncia a miséria e a fome a que aquele bonitão condena a mulher e os filhos, para correr atrás duma "caçadora de homens endinheirados".

Terminando este Capítulo com o inesperado, mas cristão e corajoso apoio e tratamento prestado ao marido infiel, feito farrapo das loucuras da vida.

O Cap. 33° - Fala-nos do valor e da motivação da oração, que deve ser sempre de "Louvor a Deus", mas que, quando for de petição, saibamos pedir, sempre e só, o que for bom para nós aos olhos de Deus.

O Cap. 34° - Aponta-nos:

- O empresário que não explora os seus trabalhadores e lhes dá casa;

- A vida moderna como autêntico trânsito sem regras;

- Uma cristã sem jeito para mártir nem para vítima carpideira.

O Cap. 35° - Conta a descrição que o motorista faz, à sua própria esposa, de como foi o encontro com aquela jovem pendura.

O Cap. 36° - Foca as carências sociais da época (primeira metade do Séc. XX), e como o rapazinho, hoje motorista, não fora à escola em criança porque tinha de ajudar a criar os irmãos, e também não se ia além da Escola Primária, porque, então, só se prosseguiam os estudos se fossem para o Seminário.

O Cap. 37° - Trata da expulsão que a amante faz daquele pobre infeliz, depois de lhe ter sugado toda a fortuna, e de como só então aquele homem se lembra da mulher que abandonara tempos atrás.

O Cap. 38° - Propõe que o sexo e o dinheiro se remetam ao seu devido lugar.

O Cap. 39° - Considera "quantos amantes endinheirados terá aquela mulher atirado à falência". E regista o equilíbrio emocional da primeira mulher, a abandonada, para ir agora ao encontro do pai dos seus filhos, a precisar do seu socorro, de como o encontra, o reabilita e o restitui à vida.

O Cap. 40° - Retrata a mulher, de espírito independente e amiga da liberdade, que procura, por lugares mal frequentados, o infeliz que a abandonara.

O Cap. 41° - Fala do disfarce de Médica que utiliza para, sem ser reconhecida, chegar à fala com o ex-marido.

O Cap. 42° - Narra o encontro, o transporte ao Hospital e depois a um Hotel.

Fala também da Assistente Social, seu novo disfarce de aproximação, e do pagamento das despesas, qual Bom Samaritano do Evangelho.

O Cap. 43° - Regista como a recuperação daquele "filho Pródigo" é acompanhada.

O Cap. 44° - Relata a descoberta daquele pobre homem, ao encontrar a carteira do seu benfeitor, onde, pelo seu BI, verifica ser o seu próprio filho, e de como toda a equipa médica se reúne junto dele nesse momento.

O Cap. 45° - Descobre dentro do camião, as folhas perdidas do seu pensado livro.

O Cap. 46°- Eterniza em livro o Amor que Deus nos tem, alterando o título inicial de "O Segredo" para o que hoje nos apresenta neste "Adeus, até à Eternidade".

Laus Deo

Barreira, 21 de Novembro de 2010