Por Cristina Nobre

Boa tarde a todos, os mais graúdos e os que estão a caminho, todos surpreendidos com esta demonstração de tai chi

Surpreendida fiquei eu qdº a Rosinda me visitou, numa tarde soalheira deste outono, com este projeto em pdf, debaixo do braço do computador dela, acompanhada incondicionalmente pelo seu real e não virtual marido e companheiro. O orgulho foi aparecendo à medida que o segredo ia sendo desvendado e eu percebi que a minha ex-aluna, mulher adulta e confiante, lutadora intransigente, e sensível ao mundo que a rodeia, não se esquecera da professora que dava alavancas para construir sonhos de escrita a quem tivesse uma imaginação criativa. Já todos entendemos que este livro estava na gaveta ou no CD ou na memória do PC, e que tinha sido escrito com a paixão e sofreguidão que caracterizam a Rosinda (e o meu amigo Luís Filipe já aqui expôs tão bem) e todos nós testemunhámos com a energia colocada à sua volta, como nesta demonstração. E eu percebi que há nela muito de um poema intitulado “tudo” e há pessoas para quem o meio-termo é pouco.

Encantada, sugeri logo a Textiverso como editora excelente para ela poder transformar o sonho numa realidade com letras. Sou amiga de peito do Carlos Fernandes e conheço o seu amor fiel pelos livros e todos os arquivos das nossas memórias. Rosinda parecia duvidosa, os olhos luziam-lhe, mas receava que eu apenas não a quisesse desanimar. Ora, se quem é Arrimar tem o mar dentro do nome, e com um A antes, como podia eu, a navegar a casa-barco, iludi-la com um mar chão? Nenhuma de nós tinha medo de tempestades nem de vagas enormes e deitámos mão na água da escrita para que ela, bem diluída, deixasse de ser segredo e passasse para as mãos de outros marinheiros-lavradores-leitores. Ainda coloquei mais uma acha no vulcão em ebulição: não haveria ninguém na família da Rosinda com jeito para as ilustrações? Olhar cúmplice entre o casal, lá veio a história da Neuza e do seu dom para o desenho. Foi apenas um mês depois que voltámos ao cafezinho, ao sol de novo (e bem que precisamos dele este inverno), agora com a presença da Neuza e arquitetámos o momento de hoje, com demonstração de tai chi e tudo. Mente sã em corpo são: nem ela nem eu queremos leitores sempre sentados ou olhos só para um ecran portátil, seja de que tablet for – a mente encontra-se a si mesma muito melhor e mais liberta e criativa depois do exercício físico e toca a mexer que se faz tarde…

Ora, eu não vou ler nem desvendar nada desta primeira novela juvenil de ficção científica e de aventuras imbrincadas e amorosas. Perto de um género “detectivesco” que Sherlock Holmes nunca deixará perder. Desvendar os mistérios é o trabalho dos leitores e apenas me atrevo a brincar um pouco com os meninos que aqui estão, já de livro nas mãos, e lhes peço para abrirem o Índice, nas págs. 7 e 8. E que notam? Imaginem que estávamos a meter-vos um susto e isto era um exame nacional ou um teste intermédio e todos tínhamos que produzir um texto de 25 linhas, tamanho 11, sobre o enredo do livro, apenas através destas 2 págs. Claro que tb haveria as tais perguntas de gramática, pois a nossa língua significa muito mais através dessas gavetas de classificação do que gostamos de admitir. Então vejam bem: qual o n.º de caps? (33); quantos na 1.ª Parte? (15); quantos na 2.ª Parte? (8); quantos na 3.ª Parte? (10); e ainda há mais alguma coisa? (epílogo); e leem algum título que contenha artigo definido? (cap. 1 e cap. 33); Então e os outros 31 títulos, como classificam, morfologicamente, as palavras – Quantas são? (2) – que aparecem em todos eles? (nome comum ou substantivo e adjetivo).

Pois é assim que esta escritora nos conquista, avançando com sofreguidão, dando-nos apenas indícios, pequenos sinais que levam o leitor a querer descobrir o que vai acontecer a seguir e se as grandes complicações, receios e medos que por aqui perpassam – morte de um pai, quando tanto precisamos dele; tristezas bem cinzentas que a claridade do sol e o beijo de alguém podem transformar; raptos e descobertas relacionadas com a genética; confiança nos amigos (Mandy e Nela) e sentimentos de traição; revelações bombásticas sobre laços de parentesco e adoções desconhecidas; o bom Leo e o mau Kai Joon; ameaças e violências a que só o apoio do mestre de Kung Fu pode valer… Quando pensamos que o final feliz que nós queríamos não é bem como nós já desejávamos (a bela Lisa do marcador poder namorar à vontade com o ruivo Leo de olhos de avelã…), mas enfim, aceitamos a proposta do cap. 33, vem o malandro do epílogo para ficarmos de boca aberta e percebermos que nada disto acabou, pois encontra-se ali – JÁ E EM POTÊNCIA – a continuação deste 1.º volume duma série. O quê? Será que vamos ter um Harry Potter português? J. K. Rowlling escreveu-o por cá… e se a Rosinda Arrimar e os seus me trouxeram dois dias de sol, neste chuvoso inverno, quem somos nós para afirmarmos com segurança de onde nos vem a claridade?

Pelo menos da escrita e da leitura que nos fazem continuar a querer caminhar!

Desejo que todos gostem tanto do livro como eu gostei, e confesso-vos - sei que são capazes de guardar segredos… - que parecia uma gaiata a passar as folhas e a tentar adivinhar o que vinha a seguir. Fiquei fã da minha ex-aluna. E vocês? Só fãs ou com algum sonho de escrita a começar a despontar? De algum modo são a Nova Geração e é ela que vai continuar a tradição deste Leo, tão simpático e inteligente, campeão de Kung Fu, e amigo impecável de quem o estima, subtil e charmoso com quem se sente enamorado. Se tivermos série, lembrem-se que a profetisa sou eu e que já antes acertei com Rafa e as suas aventuras.

E se a Rosinda Arrimar aceitar, eu pedia a todos os leitores que enviassem os seus comentários para o site e tentassem adivinhar o título do 2.º volume. Talvez a autora ofereça uma entrada no seu grupo de tai chi… Com a vossa energia a ajudá-la, eu diria que este verão haverá tempo para mais gavetas deste Leo serem ativadas.

Parabéns à Rosinda e à Neuza, e a esta escola D. Dinis, por ter acolhido este convite à leitura e à atividade física e espiritual, oriental e agora também nossa, genuína e pura!

Leiria, 14 de Fevereiro de 2014