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Integrada no “Marco de Letras” - Feira do Livro do Marco de Canaveses, decorreu no Auditório Municipal do Marco, no dia 1 de Maio de 2011, a apresentação do livro “O último silvo do vapor”, da autoria de Luís Vieira da Mota, romance cuja publicação teve o apoio da Câmara local. É uma edição do Autor e da Textiverso e o n.º 2 da colecção “Mosaico”.
Para além do Autor e de amigos e familiares, estiveram presentes na sessão o Presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, Manuel Moreira, a Presidente da Junta de Freguesia de Toutosa, Isabel Baldaia, e a representante da Textiverso, Maria Celeste Alves. A apresentação do livro esteve a cargo do colaborador municipal na área da Cultura, Alexandre Aguiar, e contemplou momentos musicais interpretados pela família Baldaia.
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O apresentador sublinhou, em particular, os cenários evocados no livro: «O enredo de “O último silvo do vapor”, leva-nos a fazer uma viagem no tempo e no espaço, onde uma história de paixão se entrecruza com cenários diversos./ Nestes cenários, o autor leva-nos pelo Douro enquanto linha férrea e rio, onde a paisagem nos transporta para o imaginário de outros tempos. Aqui encontramos o lento desaparecer dos ramais: a Linha do Sabor, Linha do Tua, Linha do Corgo e aquela que podemos chamar nossa – a linha do Tâmega.» Isto é, uma viagem retrospectiva com um enquadramento muito característico e uma razão especial: «… um retorno ao passado que irá fazer reacender dramas e vivências antigas, deixando em cada capítulo um sabor a saudade, de amargura, e por vezes de revolta, pela voz de homens que sempre tiveram presentes, a linha do Douro e o silvo do vapor no seu quotidiano.»
Em suma, o mais recente livro de Luís Vieira da Mota retrata a história de "Jaime", o decano e centenário passageiro da Linha do Douro, retirado e muito desiludido com o fim das locomotivas a vapor. Um dia recebe a visita do seu amigo "Quim", o experiente maquinista mágico do fogo, que lhe anuncia uma boa nova: a Companhia vai promover uma viagem especial com máquina a vapor, para a qual convida os passageiros que mais assíduos foram naquela linha. Jaime rejubila, desperta do letargo de há muitos anos e aceita o convite. No dia aprazado, ao reencontrar os antigos companheiros de muitas viagens, revê e reconstitui os dramas, as cenas jocosas, as disputas, as invejas e ciúmes, os enredos de muitas histórias e, principalmente, os tremendos estragos que em todos eles provocou a aparição daquela morena quando embarcava no comboio da manhã e saía à noite na estação do Juncal, todas as quintas-feiras, «despertando sentimentos de ciúme, raiva e paixão, culminando num trágico desfecho». A tensão da trama reside numa incerta certeza: «Crime para uns, acidente para outros, má sorte, certamente, para todos.»
Luís Vieira da Mota agradeceu a oportunidade de apresentar o seu último livro na sua terra natal, Marco de Canaveses, e confessou: «Esta é uma obra que me deu muito prazer, procurei descrever o ambiente da Linha do Douro, com a sua lufa-lufa, concebendo uma trama à volta da figura de uma jovem que não deixa nenhum homem indiferente, mas que tem um fim trágico, arrastando consigo todos os que tinham nela um motivo aliciante para fazer a viagem. Um romance ao redor da Linha e do rio Douro, motivo espero que suficiente para que fiquem com curiosidade em lê-lo».
Como disse Alexandre Aguiar, «a leitura de “O último silvo do vapor” será certamente uma oportunidade para despertar a nossa curiosidade para redescobrir o Douro, património Mundial da Humanidade, e as vivências de gente simples e humilde, de ontem e de hoje, que jamais poderemos deixar cair no esquecimento./ Nem que, para isso, tenhamos de fazer ouvir o silvo, não do vapor, mas da nossa indignação.»
A encerrar a sessão, usou da palavra o Presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, Manuel Moreira, que elogiou o autor pelo «seu espírito inconformado, pela sua participação activa», enaltecendo sobretudo a temática abordada nesta sua 14.ª obra, «que espelha uma realidade que nos é tão cara: a importância da Linha do Douro. Como sabem, defendemos a electrificação da Linha do Douro, onde se insere a remodelação das estações de Vila Meã, Livração e Marco de Canaveses, e a requalificação da Linha do Tâmega. Aliás, defendemos a remodelação até à Régua. Falamos de obras de proximidade, de extrema relevância para o Concelho e para a Região do Tâmega e Sousa».
O Presidente da Câmara Municipal anunciou ainda que irá propor o nome de Luís Vieira da Mota para ser distinguido, durante as Festas do Marco, de 8 a 17 de Julho, com a medalha de mérito Cultural e Científico do Município de Marco de Canaveses, pela sua dedicação à Cultura e por usar o dom das palavras, da escrita, para promover esta causa maior.