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O auditório municipal da Batalha foi o local nobre escolhido para o lançamento e apresentação, no dia 14 de Agosto de 2011, do livro bilingue «O portal de Santa Maria da Vitória da Batalha e a arte europeia do seu tempo: Circulação dos artistas e das formas na Europa gótica / Le portail de Santa Maria da Vitória de Batalha et l'art européen de son temps: Circulations des artistes et des formes dans l'Europe gothique», da autoria do Professor Jean-Marie Guillouët. Este livro de grande formato tem 252 páginas e constitui o primeiro volume da nova colecção Portugalia Sacra, da editora leiriense Textiverso.

A apresentação, que decorreu no âmbito da cerimónias oficiais do Dia do Município da Batalha e da comemoração dos 626 anos da Batalha de Aljubarrota, esteve a cargo do Professor Doutor Saul António Gomes que, aliás, é o Director científico da nova colecção.

 

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Tendo acompanhado de perto, desde 2005, o trabalho de Jean-Marie Guillouët em torno do Mosteiro, Saul Gomes sabia do que falava quando afirmou que este livro, pelo seu carácter inovador e pela profundidade da abordagem, vai fazer história nos domínios da História da Arte em Portugal. Com efeito, o portal principal do mosteiro dominicano da Batalha tem constituído um enigma no panorama monumental português do fim da Idade Média, uma vez que nenhum antecedente, nenhum exemplo anterior se diria ter preparado um conjunto estrutural de uma tal novidade, tanto iconográfica como estilística.

O trabalho de Jean-Marie Guillouët agora publicado caracteriza-se pela observação atenta e pela análise rigorosa da estatuária do portal, permitindo propor novas hipóteses quanto à cronologia dos trabalhos, a natureza do programa iconográfico ou a proveniência das oficinas do estaleiro. Guillouët aponta a forte influência catalã, mas não deixa de sublinhar que, por detrás dessa ascendência, é, no entanto, «perceptível o peso de uma formação mais setentrional dos escultores de Santa Maria da Vitória, que parecem ter conhecido os trabalhos da torre sul da catedral de Ruão e, sobretudo, as realizações de André Beauneveu para a Santa-Capela de Burgos ou para o castelo de Mehun-sur-Yèvre».

Jean-Marie Guillouët reconstitui neste livro o percurso local das «oficinas de escultores, de formação − se não de origem − normanda ou picarda, que terão estado em contacto com os trabalhos franceses mais ilustres do fim do século XIV e, depois, continuado activos na Catalunha e no Levante peninsular, na primeira década do século seguinte, antes de trabalharem, no segundo quartel do século XV, no portal da Batalha», mostrando-nos a amplitude e a riqueza dos intercâmbios artísticos na Europa do final da Idade Média.

O autor, que domina razoavelmente o português, também usou da palavra para agradecer a colaboração prestada por diversas pessoas e entidades no estudo do portal e mostrar o seu regozijo por ver publicado este trabalho pioneiro em português e em francês, o que permitirá a sua difusão além fronteiras.