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A Casa-Museu João Soares, nas Cortes (arredores de Leiria), voltou a ser o cenário escolhido por Carlos Lopes Pires para o lançamento de mais um livro seu, desta vez “Guarda-me contigo entre as papoilas”, o que aconteceu no passado dia 17 de Maio. Trata-se de um livro de poesia e o 24.º título de carácter literário do autor, que é psicólogo em Leiria e professor da Universidade de Coimbra. Tem 90 páginas e é uma edição da editora Textiverso, de Leiria.

A apresentação esteve a cargo da Professora Cristina Nobre que, mais do que falar do novo livro, fez a ponte entre as primeiras produções, em particular “O livro de pó” (ed. autor, 1994) e esta que agora veio a lume. E constatou que Carlos Pires pode ter evoluído na escrita e na profundidade das abordagens, mas nunca abandonou os seus temas preferenciais.

Por sua vez, o autor sublinhou que o livro em apreço é sobretudo uma carinhosa memória de família e da vida: «Começou a ser escrito em 2001, ainda o meu pai era vivo, e é todo ele alusivo às “coisas da vida”, que é a vida de todos nós: a família, os pais, os tios, as perdas, a infância e as brincadeiras, o amor e a amizade, os amigos, as coisas importantes». E acrescentou: «É, talvez, sobre o início e o final das coisas que nunca acabam. Para mim, é um livro de carinho.»

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Diria ainda, em tom comovido: «Sei que nestas alturas o autor do livro é o centro da atenção. Mas este é um livro de poesia e a poesia é uma coisa especial que, quando acontece na vida de alguém, a marca profundamente e para sempre. Não sabendo o que é a poesia, devo acrescentar a esta confissão, de ignorância, uma outra: também não sei o que é vida. Apesar disso, desde há anos que me vejo dentro dela. Foram várias as vezes que tentei compreendê-la, mas de todas elas resultou mais ignorância. Creio que esta ignorância é geral a tudo o que é maior que eu. Para quem tenha um contacto real com a poesia, compreenderá que eu diga que esta é algo de tão pessoal e íntimo que partilhá-la só pode ser maior que o mundo. E as coisas que são maiores do que o mundo partilham-se com quem se gosta: os amigos. Deixem-me ser peremptório: vocês são o motivo por que eu estou aqui.»

A sessão de autógrafos decorreu nos jardins da Casa-Museu, numa iniciativa que agradou a todos, não só pela originalidade, mas também pela paisagem que dali se desfruta e pelo ambiente informal que proporciona.

Depois, os presentes e outros que se lhe juntaram seguiram para o jantar num restaurante das imediações onde a sessão cultural continuou, com discursos de intervenção sociopolítica e algum teatro para animar as hostes, já de si muito animadas e muito bem dispostas.