Paulo Ferreira Borges, no final da apresentação

Já em tempos se falou dele. E, agora que o vemos retornar, compreendemos que veio para ficar. Falamos de Paulo Ferreira Borges, um homem natural de Pataias mas a residir nas Caldas da Rainha. Acaba de publicar o seu terceiro livro de poesia, desta vez com o título "Do Tempo Sitiado - geopoemas s/d", o terceiro volume da colecção Poesia da editora Textiverso. Foi apresentado informalmente no dia 17 de Maio de 2008, em Pataias, no decorrer de uma Feira do Livro promovida pela Junta de Freguesia local.
O seu primeiro livro, "Para Tentear a Desmesura" (2002), foi Prémio de Revelação de Poesia APE/IPLB 1999. E "A Água Materna dos Poentes" (2002), Prémio de Revelação de Poesia Fernando Pessoa 2001. Pois bem, "Do Tempo Sitiado - geopoemas s/d" não lhes fica atrás porque foi 2.º Prémio do Concurso de Literatura "Região de Leiria e Oeste" promovido recentemente pelo IPLeiria.

Tem 78 páginas este livro que, segundo o próprio autor, se apresenta como «um conjunto de poemas que pretende uma abordagem poética e metapoética do Tempo e de alguns lugares de forte referência memorial e afectiva que o autor percorreu/percorre no seu próprio tempo existencial». O espantoso é que, apesar de localizados no espaço, ao menos por uma referência - são geopoemas -, os textos não ficam presos a ele, antes se libertando pelos motivos que o poeta evoca e que são a memória e o tempo, ou a memória do tempo: «O lugar fica. O tempo passa. Mas deixa indeléveis vestígios. As palavras querem ficar no seu lugar de criação, como raízes fundas ou como sementes.» E conclui: «O que a mão resgata é o lugar, são os lugares, da palavra em espera, da palavra concluída, madura.»
«Nos nervos do silêncio há brisas/ que só os búzios consentem.» Chama-se "Brisas" o brevíssimo poema. Como é que delas pode nascer «Uma certa ideia de morte? - "Quando a terra se fecha/ a semente abre-se.» O tempo passa... Mas deixa indeléveis vestígios.