No pavilhão da feira de S. Bernardo, em Alcobaça, foi apresentado no dia 20 de Agosto de 2016 o livro "A Alcobaça de Domingos Alvão". Com 176 páginas, reproduz cerca de centena e meia de fotografias produzidas por Domingos Alvão ou pela Casa Alvão, do Porto, em finais dos anos 20 e início dos anos 30 do século XX, e é acompanhado por um estudo introdutório de Rui Rasquilho e António Valério Maduro. A edição, de aparato, é da responsabilidade do Município de Alcobaça e do Turismo do Centro e a produção é da Textiverso.

Na apresentação estiveram, para além do produtor, Carlos Fernandes, os organizadores da edição, Rui Rasquilho e António Maduro, e o Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, Paulo Inácio.

 

Desvelando aspectos do Mosteiro e da região de Alcobaça hoje pouco conhecidos ou até já desaparecidos, este álbum fotográfico revela-se uma bela surpresa, não só para os amantes da fotografia, mas sobretudo para os curiosos e apaixonados por Alcobaça, suas terras e suas gentes. Temos, pois, o grande edificado monástico e a sua herdade sustentados na imagem de um grande fotógrafo, envolvida numa levíssima moldura de palavra.

Neste livro, Domingos Alvão transpira qualidade e paixão, segurando com sensibilidade a pedra, a terra, os homens e mulheres na transição da década de vinte para a de trinta do século XX. Ele registou a mudança no interior do mosteiro de Alcobaça, mostrando como o gótico medieval derrotou o barroco pós-tridentino. Mas o grande relâmpago surge quando comparamos o quotidiano de hoje com a vida do primeiro quartel do século XX.

Trata-se, por isso, de um livro histórico, que constitui uma paragem num tempo de referência sem sobrevivência na memória dos vivos, como referem os organizadores em sinopse e reiteraram na sessão de lançamento. Com efeito, Rui Rasquilho e António Maduro, pela sua qualidade de alcobacenses e de profundos conhecedores da história do Mosteiro e dos seus coutos, em boa hora empreenderam a interpretação das fotografias conhecidas de Alvão, procedendo à sua contextualização no cenário do segundo quartel do século XX com textos que ajudam a perceber as alterações verificadas desde então. São, naturalmente, fotografias do interior e do exterior do Mosteiro, da vida quotidiana das populações, na agricultura ou a caminho do mercado, quadros do edificado urbano da vila e das freguesias vizinhas, quinta da Gafa, cruzeiros e pelourinhos e, em particular, sobre moleiros e moinhos de vento, hoje praticamente inexistentes.

Há indícios de que o espólio de Alvão sobre Alcobaça seja mais vasto, mas o que agora foi possível juntar e se apresenta ao público neste magnífico livro de capa dura é já um precioso tesouro que muito dignifica o artista e dá da região uma imagem surpreendente e elucidativa. – C.F.