Rui António Menezes de Sá Pessoa nasceu em Leiria no ano de 1932, aos 28 de Abril, de seus pais Maria José Marques da Cruz Menezes, da Reixida, falecida quando ele tinha apenas nove meses, e António Sá Pessoa, natural da Covilhã e atraído a Leiria pelos negócios, tendo sido também mestre e professor da Escola Industrial e Comercial de Leiria. O mestre foi à Reixida (Cortes, Leiria) buscar Maria José, como o filho Rui Pessoa haveria de ir às Portelas buscar Maria de Lurdes Alves Pereira com quem casou em 1956 e de quem teve três filhas e um filho.
Sempre ligado à Reixida por laços familiares muito estreitos, foi, contudo, em Leiria que fez os estudos primários e secundários, tendo completado na Escola Domingos Sequeira o Curso Comercial. Cumpriu o serviço militar em Lisboa, em 1953, tendo casado aos 24 anos.
Filho de um professor de Caligrafia, Dactilografia e Estenografia na Escola Comercial, foi certamente influenciado pelo ambiente pedagógico que se respirava em sua casa e que se viria a reflectir também nos outros irmãos. Um facto na vida o marcou: a expulsão de seu pai da Escola Comercial em 1949, juntamente com outras figuras conhecidas, como o Dr. Rocha Silva e o Dr. José Gonçalves. Simplesmente por terem ido assistir a um comício no velho teatro D. Maria Pia, por ocasião da campanha eleitoral de Norton de Matos. Nessa altura percebeu que vivia sob um regime iníquo. O homem político tinha visto a luz do dia. Depois, nas campanhas de Humberto Delgado, fez parte das mesas de voto nas Cortes. Era o político socialmente comprometido que, em 1974, após o 25 de Abril, havia de enveredar mesmo pela política partidária, bem à esquerda do leque.
Residente nas Portelas da Reixida desde o casamento, foi um dos jogadores do Grupo Desportivo das Cortes, lá pelos anos 50, dessa actividade evocando as melhores recordações.
Actualmente aposentado de Chefe de Secção na Administração Regional de Saúde de Leiria, é um leitor assíduo da poesia de Fernando Pessoa, Guerra Junqueiro, Marques da Cruz, Teixeira de Pascoaes e Lopes Vieira, entre outros. Na prosa admira Rodrigues Lobo, Eça, Camilo, Aquilino, Namora e Raul Brandão, nomeadamente.
Desde o início dos anos 90 que Rui Pessoa passou a colaborar regularmente no Jornal das Cortes, não só com crónicas mas também com apontamentos sobre episódios da vida local do seu tempo de jovem e, com bastante frequência, poesia e versos de humor e crítica, estes com o título genérico de gazetilhas. Em Agosto de 1994, um dos fundadores do jornal e seu Director até então, José Bento da Silva, deixou o projecto, e Rui Pessoa pegou nele, com alma e coração, levando por diante uma iniciativa que levava pouco mais de seis anos e meio e que ainda fazia o seu percurso de afirmação. É o tempo da informatização e, a curto prazo, da montagem do jornal na própria Redacção. Como Director do Jornal das Cortes, Rui Pessoa passou a assumir sistematicamente os editoriais, com raras excepções, e a orientar administrativamente o projecto. Terminou as suas funções de Director em Dezembro de 2013.
Datam de 1967/68 os primeiros versos que exprimem já as suas preocupações sociais. Educado num ambiente cristão, concilia a sede de justiça social com os princípios do cristianismo que nunca enjeitou. É de 1968 o soneto que nos diz que «O ódio ficaria, eternamente,/ A pairar no além, triste sorte,/ Se uma existência, só, tivesse vida.» Na verdade, «Ensinou Cristo a amar fraternalmente/ Cá nesta vida, ou depois da morte./ Para que a lei do Pai seja cumprida.» Os poemas iniciais são publicados, curiosamente, na revista "Estudos Psíquicos", da área espirita em que é curioso e algo versado. Os temas mais comuns são naturalmente o psiquismo. Mas é no âmbito político-social que a poesia de Rui Pessoa assume maior expressividade, na vastidão do tema encontrando mil e um pretextos para escrever. Os anos duros do após-25 de Abril inspiram-lhe poemas muito interessantes.
Em Novembro de 2004, publica um livrinho, editado pela Folheto, de Leiria, com o título “Com humildade vos canto…”, inserido na colecção “25 poemas”, com o n.º 9.
E em Dezembro de 2013, encerrando as suas funções de Director do Jornal das Cortes, editou através do periódico uma colectânea de textos publicados em grande parte no jornal, mas inserindo também muitos inéditos em poesia, com o título “Reflexões de cidadania – Prosa e poesia”.
Obras publicadas
- “Com humildade vos canto…”, ed. Folheto, Leiria, 2004.
- “Reflexões de cidadania – Prosa e poesia”, ed. Jornal das Cortes / Textiverso, Cortes - Leiria, 2013.