Em dois conjuntos de quatro ensaios, montados segundo uma ordem que não é arbitrária, este livro mostra novos exercícios na «arte de sublinhar», que o autor defende como a melhor descrição do seu trabalho crítico.

Promovendo a título do livro o título do primeiro texto (que é, aliás, uma tentativa de ler o título «ou o poema contínuo», de Herberto Helder), A Canção da Obra acentua o desejo de que essa «arte», feita de atenção às ínfimas modulações da letra, apure o entendimento da tensão e das obsessões profundas audíveis na trama dos textos. Dando-se a ler em Pessanha, Ruy Belo ou Eugénio de Andrade, a questão da obra e da assinatura, da obra como jogo, risco e busca da assinatura percorre o livro do primeiro ao último ensaio. E se, no arco que liga o primeiro ao último, for afinal a leitura e a sua relação com o ensaio, o ensaísta e a sua estranha forma de assinar, aquilo que na verdade se interroga?
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