Cabanas de Viriato, no concelho de Carregal do Sal, é a localidade onde está sediada a Fundação Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul português que, em Bordéus, em Junho de 1940, concedeu vistos de trânsito a milhares de judeus refugiados, em transgressão das regras do governo de Salazar e por cuja atitude foi proscrito pelo regime. Foi nesta Fundação que decorreu, a 3 de Abril de 2012, a apresentação do livro “Aristides, o semeador de estrelas”, da autoria de Ana Cristina Luz, com ilustrações de António de Moncada Sousa Mendes, neto de Aristides (ver foto ao lado). É um pequeno livro de 16 páginas, produzido pela Textiverso. A sessão teve lugar durante a homenagem prestada a Aristides de Sousa Mendes no dia em que se completaram 58 anos sobre o seu falecimento (3 de Abril de 1954).
Nesse dia, foi celebrada uma missa em memória do Cônsul e escutado o Ave Maria, de Schubert, no final. Seguiu-se uma romagem ao cemitério. Durante o almoço, o Coro Slava interpretou algumas melodias, tendo-se seguido a apresentação do livro com a presença de familiares de Aristides de Sousa Mendes e amigos da Fundação.
O livro de Ana Cristina Luz conta às nossas crianças a história de um homem que ouviu a voz do seu coração. «Se, do espaço, à noitinha, olhássemos para o planeta Terra e se uma luz se acendesse por cada um daqueles que já foram meninos e meninas ou ainda o são e que devem as suas vidas a pessoas como Aristides, o nosso planeta ficaria quase todo iluminado!»
Há mesmo quem considere que esta talvez tenha sido «a maior acção de salvamento feita por uma só pessoa durante o holocausto». A 19 de Junho de 1944, depois de Bordéus, Aristides seguiu para o Consulado em Bayonne, onde continuou a maratona de concessão de vistos, na própria rua, uma vez que as escadas do edifício poderiam não suportar o peso de tão grande fila de espera. Foi depois para Hendaye/Irun e continuou de um lado para o outro, «salvando pessoas nas estradas do sul de França, nas estações de caminhos-de-ferro, conduzindo mesmo um grupo de refugiados através dos Pirenéus, a pé e de automóvel». «Segundo os registos da polícia política PVDE, que a partir de 1945 se transformara na PIDE, entraram em Portugal, só nos dias 17, 18 e 19 de Junho de 1940, cerca de 18 000 pessoas com vistos assinados pelo “Cônsul desobediente”. "Os guardas da fronteira de Vilar Formoso não se lembram de ter visto tanto movimento." O Alto Comissariado para os Refugiados da Sociedade das Nações calculou que nesse verão terão entrado, em Portugal, mais de 40 000 refugiados.»
(Fonte: http://www.fundacaoaristidesdesousamendes.com)
Este livro voltará a ser apresentado, no dia 28 de Abril, na Biblioteca Municipal da Marinha Grande, e, no dia 18 de Maio, no Museu de Arte Sacra, em Fátima.