No âmbito das comemorações do 1.º Centenário da Restauração do Concelho da Marinha Grande, foi ali apresentado no dia 26 de Março de 2017, no auditório do Edifício da Resinagem, o livro Elucidário do Pinhal do Rei, da autoria de Gabriel Roldão. Produzido pela Textiverso, este livro, com capa cartonada, tem 768 páginas e impressão a cores.
Na mesa estiveram, para além do autor, o Presidente da Assembleia Municipal, Telmo Ferraz, o Presidente da Câmara da Marinha Grande, Paulo Vicente, a Presidente do Rotary Club da Marinha Grande, Cristina Simões, o fotógrafo Gonçalo Lemos e o editor da Textiverso, Carlos Fernandes.
Para além de palavras de circunstância e de congratulação, proferidas por todos os elementos da mesa, pela produção desta obra de grande importância para o conhecimento e divulgação do Pinhal de Leiria, Carlos Fernandes fez uma intervenção mais desenvolvida que acabou por constituir a apresentação formal do livro. Dela respigamos as palavras que se seguem.
Este “Elucidário do Pinhal do Rei” é o terceiro volume de um trabalho extensíssimo a que Gabriel Roldão deitou ombros desde há várias décadas e que tem a designação genérica de “Elucidário da Marinha Grande”. O primeiro volume, dedicado à genealogia, data de 2009 e tem por título “Pereira Roldão – Velha Família da Marinha Grande”, de que se fez reimpressão já em 2017. O 2.º volume saiu a público em 2013 e intitula-se “Ao Encontro da Marinha Grande – Circuitos da Memória”, tendo por pano de fundo a toponímia marinhense.
Neste “Elucidário” o autor tem o cuidado de registar, de forma exaustiva, todo o vocabulário associado ao Pinhal, explicando de forma sucinta, e quase sempre com ilustração, as tarefas ou ocupações profissionais, os procedimentos, os utensílios e ferramentas, os produtos, as cadeias de transformação, os equipamentos, as instalações, os projectos, as catástrofes (vendavais e incêndios), os nomes e actuação de técnicos, responsáveis e estudiosos, enfim, um sem-número de referências que tornam este livro uma autêntica bíblia do Pinhal. Para todos os efeitos, ele é uma verdadeira monografia do grande Pinhal, uma monografia minuciosa, atenta e abrangente. E, nessa medida, mais do que um manual científico, ele é um instrumento de trabalho, para o público em geral, sim, mas também e sobretudo para os estudiosos que têm aqui uma fonte inesgotável para aferição, quiçá para aprofundamento.
Tem-se presente que a bibliografia sobre o Pinhal de Leiria é vasta mas bastante dispersa e, talvez, um pouco desactualizada, muito por causa do desinteresse de que esta Mata Nacional de primeira grandeza vem padecendo de há umas décadas para cá. Além disso, a informação disponível é, na sua maioria, de carácter técnico, mais para um público especializado do que para o cidadão comum, revelando-se muitas vezes hermética para a compreensão da problemática florestal que lhe está associada.
Este “Elucidário do Pinhal do Rei”, de Gabriel Roldão, vem, pois, colmatar uma falha flagrante, proporcionando a todos uma informação rigorosa e plasmando para os contemporâneos e para os vindouros a memória viva de um elemento altamente estrutural da nossa região que é parte integrante da sua história e da história do país.
Quanto ao conteúdo propriamente dito do livro, o sistema que o autor adoptou consiste no tratamento tópico a tópico, em verbetes de cariz temático, de que resulta um modelo de consulta simples, «que salvaguarda uma feição popular, acessível a todos os leitores», e que o autor designou com propriedade “Elucidário”. Dividido em 14 capítulos, Gabriel Roldão aborda sucessivamente o Pinhal do Rei como entidade viva e com uma história respeitável, a cedência de terrenos para urbanizações e infra-estruturas, os eventos sociais que suscita nas suas diversas vertentes, a fauna e a flora típicas daquela grande área verde, as instalações florestais (maioritariamente ao abandono), numerosos apontamentos históricos e toda a legislação produzida sobre o Pinhal desde há séculos, as personalidades cujo nome anda associado ao Pinhal do Rei, as muitas profissões florestais que a actividade no Pinhal suscita, na sua maioria em vias de extinção, e ainda muitas e esclarecidas referências ao pinhal, ao pinheiro e à resinagem. Uma miscelânea de curiosidades dá ainda nota dos imensos conhecimentos do autor sobre o sector. Um índice alfabético por capítulo encerra este portentoso volume que, para além da riqueza incomensurável de informações, é profusamente ilustrado com fotografias ou ilustrações de grande propriedade e adequação.
Gabriel Roldão deixa-nos, com este extenso e valioso trabalho, um instrumento de importância capital para a compreensão do Pinhal de Leiria e de toda a dinâmica que ele suscitou ao longo dos anos e que, ainda hoje, apesar dos reveses, constitui uma mais-valia para toda a região Centro do País. Fá-lo de forma desinteressada e sem pretensões, mas com interesse e com dois objectivos essenciais: dar a conhecer o Pinhal do Rei e alertar para as medidas que urge tomar no sentido da sua preservação e valorização.
A bibliografia sobre o Pinhal fica assim mais rica, com um verdadeiro manual ao dispor dos interessados e curiosos e com a informação essencial toda à mão e bem fundamentada. Estão o autor e a região de parabéns.