No Celeiro da Casa do Terreiro, em Leiria, foi lançado no dia 6 de Maio de 2017 o livro Guiné – Um rio de memórias, da autoria de Luís Branquinho Crespo, advogado residente em Leiria, mas natural das Portelas da Reixida, freguesia das Cortes (1944). O livro tem 182 páginas e é uma edição do autor, com produção da Textiverso. A apresentação esteve a cargo do prefaciador, Dr. António Graça de Abreu, tendo a sessão terminado com a projecção de uma sequência de imagens de África ao som de música correspondente. Foram «canções das terras que o livro percorre, que vão da Guiné a Portugal, passando por essas terras, e depois, na memória dos que regressam, os sons da Guiné ainda se ouvem, e por isso se repete, abreviadamente, a canção inicial» – explicou o autor.

 

Branquinho Crespo foi militar na Guiné e ficou apaixonado pela terra e pelas suas gentes. Há uns anos voltou lá. Graça de Abreu escreve no Prefácio que este livro, «ao contrário do que possa parecer, não corresponde apenas a um caudal de memórias sobre um passado cada vez mais distanciado das nossas vidas», e que o autor regressou à Guiné para, «de bem com a sua consciência, de bem consigo próprio, recordar o passado e empreender depois uma fascinante viagem por terra, de volta a Portugal». Em concreto, Branquinho Crespo, «nesta sua obra, mostra-nos um pouco das realidades da Guiné-Bissau, do dia-a-dia do país, trinta e sete anos após a independência, com todos os problemas subsequentes a uma má descolonização e aos quase permanentes conflitos internos numa terra já soberana e dona do seu destino». O autor lembra, de forma impressiva, «a tragédia dos fuzilamentos, em 1975, de centenas e centenas de guineenses que combateram na guerra ao lado das tropas portuguesas», uma drama tanto tempo silenciado. Graça de Abreu considera, por outro lado, que «este livro é igualmente uma obra de confiança nas sinuosidades do comportamento humano, também de crença num futuro melhor para as multifacetadas gentes da Guiné-Bissau». Em última instância, Branquinho Crespo esforça-se por contrariar  a expressão de uma sua personagem, o António Pouca Sorte, que dizia: «Eu sou como a Guiné. O meu nome é: Todo o mundo me esquece.»
Pode ler-se um excelente comentário a este livro em: https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2017/08/guine-6174-p17654-nota-de-leitura-984.html