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Esta é a pergunta que muito investigador faz quando, por necessidade de investigação ou por curiosidade, folheia as edições impressas daquele importante livro sobre a história do bispado de Leiria, escrito verosimilmente na primeira metade do século XVII, parte durante o domínio filipino, parte já depois da Restauração, mas editado somente a partir de 1868.
A ela tentou responder um investigador das coisas de Leiria, o Eng. Ricardo Charters d'Azevedo, no ensaio que designou "Quem escreveu O Couseiro?" e que apresentou ao público no dia 5 de Junho de 2010, na Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira, em Leiria, numa edição da Textiverso, n.º 11 da sua colecção "Tempos & Vidas".
Na apresentação deste livro de 76 páginas esteve outro investigador leiriense, o Professor Doutor Saul António Gomes, que reafirmou a importância de "O Couseiro" no âmbito da historiografia leiriense e a urgência de se proceder a uma edição crítica daquele trabalho cujo manuscrito original se terá perdido e de que só existem cópias (quatro, ao que se sabe), nem sempre coincidentes no seu conteúdo. Saul Gomes enfatizou ainda a coragem de Ricardo Charters em ter avançado com uma hipótese sobre o(s) autor(es) de "O Couseiro", sublinhando não estar ainda completamente convencido, mas reconhecendo não haver, até ao momento, melhor solução.
Ricardo Charters d'Azevedo notou que «a primeira parte de O Couseiro só tem referências a eventos registados no Liv. n.º 3 do Cartório episcopal com datas anteriores a 1638. A segunda parte, intitulada «do Bispado Novo», cobre sobretudo eventos com datas a partir de 1642 e não terá a mesma autoria da primeira». E avança, por isso, dois autores diferentes: «Um, o Dr. António Couseiro, terá escrito a primeira parte, e o outro, o Deão P.e Dr. Simão da Rosa Guerra, terá juntado comentários à primeira parte e será o responsável pela segunda parte». No seu entender, ambos «tinham a possibilidade de o fazer durante o período de tempo em que viveram em Leiria e podiam ter escrito estas Memórias, tendo em atenção, nomeadamente, as funções que cada um desempenhou».
Também o autor deste ensaio sugeriu que se avance para uma edição crítica e comparativa de "O Couseiro", reconhecendo que, provavelmente, nunca saberemos ao certo quem escreveu "O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria", mas não perdendo a oportunidade para desafiar outros investigadores no sentido de se apurar a identidade dos seus autores. «O que explanei é somente uma teoria, uma boa teoria, julgo eu, que espero seja comentada e rebatida, para que possamos aprofundar os nossos conhecimentos sobre este assunto» – remata no seu ensaio.