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A convite da responsável do m|i|mo – Museu da Imagem em Movimento, Ana David, decorreu em Leiria, no dia 25 de Junho de 2011, mais uma apresentação do livro “A encenação da arte”, de Fernanda Maio, edição da Textiverso na sua colecção “Ensaio”. A sessão, que decorreu ao fim do dia no auditório do próprio m|i|mo, próximo do castelo, foi orientada pela Autora, face à ausência do apresentador anunciado, António Pedro Pita, que falhou ao compromisso.

 

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Mas nem por isso a sessão foi menos dinâmica. Fernanda Maio acabou por dar uma ideia clara do que pretende com o livro e envolver a plateia calorosa numa conversa animada que foi até à hora de jantar. Como escreveu na síntese do próprio livro, e através de «pesquisa empírica sedeada em Lisboa e Londres», a Autora defende que «os artistas estão a tentar reinventar a sua actividade e o seu papel social propondo três narrativas principais:  [1] o artista como aquele que investiga; [2] o artista como aquele que dá; e [3] o artista como “o outro” (ou como testemunha do “outro”)». No fundo, Fernanda Maio propõe-se com este ensaio «clarificar os modos pelos quais a arte é produzida actualmente, focando em particular as inovações dentro das tendências da vanguarda». Diria mesmo que «a crescente flexibilidade e mobilidade exigidas aos artistas acompanham as novas formas de trabalho no campo social alargado, mas são também uma consequência de mudanças ocorridas mais recentemente nas políticas culturais e no apoio às artes». Em boa verdade, e segundo a Autora, o que se pretende agora é que «os artistas façam obras de arte vistas como socialmente úteis, ou susceptíveis de alargar o seu público-alvo».

Fernanda Maio considera que «não é suficiente dizer “isto é arte”; é necessário saber por que razão assim é dentro do curso da história da arte». A questão suscitou diversas intervenções à volta do que é a arte e onde ela se afirma. Em particular abordou-se a crónica apatia de um público alargado aos museus, que começa em casa e se prolonga nas escolas, acabando… nos próprios museus! «Os museus portugueses são chatos» – disse um dos intervenientes. E, como escreveu a Autora, «na arte é necessária a participação das pessoas, não apenas como espectadores, mas também como parte do processo: como testemunhas do exame crítico dos procedimentos tradicionais na produção da arte enquanto tal».