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Numa sessão amplamente participada, decorreu nas instalações do m|i|mo – museu da imagem em movimento, em Leiria, no dia 8 de Dezembro de 2012, o lançamento do livro "As minhas memórias [Leiria, 1909-1939]", da autoria de Raul Faustino de Sousa. Trata-se de um volume com 176 páginas, enriquecido com numerosas ilustrações do autor e também com várias fotografias da responsabilidade do editor. É justamente uma edição da Textiverso, de Leiria, e n.º 19 da sua colecção "Tempos & Vidas".
Este livro, que foi, de certa forma, pretexto para a monumental exposição fotográfica inaugurada no mesmo dia no m|i|mo com o título "(Re)Conhecer Leiria – Memórias e imagens do século XX" (e que vai ficar ali patente até 15-06-2013), foi apresentado pelo Arq. António Moreira de Figueiredo, que deixou abundantes notas para a sua compreensão (ver texto integral na secção Autores/Apresentações). Raul Faustino de Sousa era natural da Marinha Grande (05-08-1905), mas passou a residir em Leiria a partir de 1909, onde permaneceu activíssimo até 1939 e de que escreveu memórias muito vivas que são, naturalmente, de importância capital para a compreensão da cidade e das suas gentes na primeira metade do século XX.
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O Arq. Figueiredo disse a seu respeito: «O autor conviveu de forma transversal com a sociedade leiriense da primeira república e do início do estado novo. Assistiu a momentos que marcaram a vida daquele período, desde a passagem do cometa "Halley", às transformações urbanas da cidade de Leiria, à proliferação da propaganda e da ideologia fascista, e à reacção àquela trágica ideologia, às práticas de cultura duma cidade de província e ao contacto com os seus agentes mais destacados, quer através do ensino artístico que frequentou, quer na vida social que viveu e testemunhou.»
Aqui ficam mais alguns extractos da apresentação:
«Quando as palavras de Raul de Sousa começam a desfiar o seu quotidiano aos nossos sentidos, a cidade ganha forma, luz, cor, cheiro, movimento, ruído, poesia, e uma realidade ingénua, mas genuína, faz-nos lembrar um Aniki Bóbó à beira Lis, filmado com a câmara de um António Campos. (...) As circunstâncias muito particulares de se conjugar a publicação destas memórias com a abertura ao público de uma exposição, cujas imagens são precisamente, e em grande parte, comentadas por extractos das memórias de Raul de Sousa, permitirá, talvez, vermos de outra forma como a tinta da sua caneta se funde com a luz e a sombra das imagens, deixando às palavras do autor melhor função que às minhas. Podemos dizer: veja a exposição, mas leia o livro, ou leia o livro, mas veja a exposição.»
E continua: «Raul de Sousa revela locais, espaços, pessoas, factos e episódios, momentos de amizade e de ternura infantil, picarescos e sérios, singulares e colectivos, cuja descrição nos transporta sem esforço para aquele tempo. A sua biografia é de homem envolvido no seu meio, activo e multifacetado. (...) No seu texto sobre Leiria e Marinha Grande, refere-se a mais de três centenas de pessoas, com as quais conviveu, conheceu ou se relacionou, na vida familiar, académica ou de vizinhança e nas suas actividades profissionais, culturais e desportivas./ É particularmente curioso o seu interesse pelos automóveis, com a sua descrição e registo gráfico, não sendo de estranhar que os seus genes tenham sido transmitidos, com mérito, a seu filho [Hélder de Sousa]./ A leitura deste livro, cuja preparação se deve ao trabalho de transcrição elaborado no Arquivo Distrital, e a publicação à Textiverso, será, tenho a certeza, um momento de grande deleite, ajudando na afirmação da cultura local, no reforço da nossa auto-estima colectiva e, sem pretensões, no enriquecimento do conhecimento sobre a história de Leiria no século passado.»