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Foi de novo a Casa-Museu João Soares, em Cortes (Leiria), o espaço escolhido para, no dia 16 de Dezembro último, mais uma iniciativa do Jornal das Cortes – a evocação dos seus 25 anos e a apresentação do livro "Escritos de Manuel Moleiro", da autoria de Manuel Oliveira Fernandes, que reúne toda a sua colaboração no jornal desde o n.º 1 até praticamente ao seu falecimento, em Maio de 2012. O livro tem 208 páginas, foi produzido pela Textiverso, de Leiria, e é uma edição daquele jornal.
Tem cinco capítulos distintos: Versos; Filosofias do Zeraskerda; Contos de Natal; Lições adoc; e Outras prosas. O empresário José Bento da Silva, que apoiou a edição, foi o apresentador.
Eis alguns respigos da sua intervenção relativamente ao livro e ao seu autor (ver texto integral na secção Autores/Apresentações):
«Poeta versátil, o jogo harmonioso das suas frases traduzidas em poesia é de uma doçura e encantamento que nos humedece a alma. (...) Os seus textos poéticos, com sabor a mel, são estruturados de acordo com a escola dos autores clássicos em que predomina o mote repartido em estrofes onde a presença e o sentimento romântico se fazem sentir em cada uma das suas frases harmónicas, cheias de musicalidade e sentimentos espiritualmente afectivos. (...) Versou muitos temas como as Cortes, os seus lugares, Leiria, cantou o rio Lis, lembrou as crianças, falou à mocidade, lembrou os namorados e abordou temas de cariz campestre, entre muitos temas ternurentos. (...)
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De forma singela, denuncia os malefícios da corrupção e da droga; aconselha e traça o trilho das boas acções; ensina-nos as boas maneiras e propõe a justeza dos bons princípios. (...) As "Filosofias do Zeraskerda" são uma outra das suas talentosas facetas. Fruto da sua vivência e da dureza da vida, Manuel Moleiro denuncia igualmente em verso a ignorância e má consciência de algumas pessoas; adverte subtilmente e pela negativa alguma feminilidade menos bem formada; faz apologia à cultura e à importância do ser em detrimento do ter; valoriza o trabalho como um bem necessário para a realização e subsistência humana; minimiza a vaidade e valoriza o amor. São pensamentos filosóficos espiritualmente saudáveis que vale a pena ler e reflectir.»
E continua José Bento: «Em prosa salientou-se, particularmente, nos contos de Natal que terminam quase sempre numa perspectiva positiva, moralista e reconciliadora. Acalenta e dá esperança aos desafortunados da vida. Faz a apologia da paz e da reconciliação familiar. Denuncia os exploradores, a miséria e defende os oprimidos. Pela sua matriz cristã o menino Jesus faz os seus milagres e liberta os infelizes. A sua cultura religiosa era sólida e a sua fé manifestava-se nos actos práticos e nas acções de caridade. Na defesa dos infelizes e desprotegidos, revelou mais uma vez através dos referidos contos de Natal as suas inatas qualidades humanas. (...) Ainda como prosador e no capítulo (lições ad-hoc), vale a pena ler toda a temática. (...) Sinto-me saciado por concretizar este sonho sobre a obra do nosso escritor e poeta "Aleixo das Cortes" que passa a constar na galeria de honra dos autores locais.»