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Depois de terem sido lançadas, em primeira mão, no dia 16 de Dezembro de 2012, na Quinta dos Caniços, em Tires (S. Domingos de Rana), com apresentação de Raul Moreira, as “Crónicas” de Jacinto de Magalhães foram também apresentadas no Porto, a 18 de Dezembro 2012, no Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes, pelo Prof. Doutor Levi Guerra. Estas “Crónicas” constituem um livro de 486 páginas, numa produção da Textiverso, com edição da Dra. Zita de Magalhães, viúva do autor, do Porto.

 

 

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Na sessão nortenha intervieram a Professora Dra. Isabel Ponce Leão, professora de Literaturas de Expressão Portuguesa, o Professor Dr. Levi Guerra, que prefaciou o livro, o Dr. Rui Vaz Osório, médico, escritor e amigo que substituiu o Dr. Jacinto de Magalhães na direcção do Instituto de Genética Médica, o Dr. Manuel Teixeira, director do jornal “O Comércio do Porto” na altura em que as crónicas foram publicadas, na primeira metade da década de 80, e a Dra. Zita de Magalhães. Teceram-se palavras de grande apreço ao autor, não só como distinto médico geneticista mas também como político e escritor. Foi então evocada a figura do homem recto, cumpridor, exigente consigo e com os outros. A sua atenção ao mundo que o rodeava, aliada a uma grande lucidez de espírito e à facilidade com que escrevia, estimulavam o seu apurado espírito crítico, eivado de graça e ironia, o que tornava a sua presença um deleite para quem o ouvia e para quem o lia. A Dra. Zita de Magalhães mostrou grande satisfação por ter conseguido levar a cabo mais uma obra que apresenta outra faceta daquele que, para além de grande poeta, foi seu marido.

«Este livro – segundo a própria Zita Magalhães, em introdução ao volume – não é apenas uma simples compilação de crónicas já publicadas n’“O Comércio do Porto”. A sua publicação pretende também ser uma homenagem ao seu autor passados vinte e cinco anos do seu desaparecimento.» Segundo ela, «conhece-se bem o poeta ou o médico inspirador», mas «conhece-se menos o observador crítico da realidade do quotidiano», que é aquele que mais transparece através destas duas centenas de crónicas, repletas de ironia e mordacidade sobre a política portuguesa nos anos 80. A Dra. Leonor Beleza, que dá o seu testemunho no fim do livro, escreve a esse propósito: «A sua leitura [das “Crónicas] oferece-nos um retrato vivo e precioso de uma fase agitada da nossa vida coletiva, e nomeadamente da consolidação da democracia. Simultaneamente, permite-nos penetrar no interior de um espírito muito vivo, atento e mordaz, que acompanhava os acontecimentos ao pormenor, que os vivia intensamente, mas que se refugiava por detrás de um humor, às vezes feroz, mas sempre distante na aparência, que “lia” o que se ia passando como se não o atingisse profundamente.»

No livro em apreço, para além de Leonor Beleza, dão o seu testemunho Daniel Serrão, Nuno Grande, Eugénio Lisboa, Martins Janeira, José Augusto Seabra, Rui Vaz Osório e Marie-Louise Briard, o que representa, relativamente a Jacinto de Magalhães, «um contributo luminoso para recordar a sua personalidade, a sua obra científica e cultural e o seu valor de cronista».

Ainda segundo a Dra. Zita de Magalhães, «o trabalho que [o marido] realizou foi vastíssimo sempre pautado por valores humanistas, tentando ultrapassar-se numa busca constante do sublime./ Poeta, superava através do registo poético as suas angústias, desalentos e manifestamente o seu amor à vida e à natureza. Por isso mesmo, compreender Jacinto de Magalhães é uma aventura emotiva e apaixonante.»

[Na primeira foto estão, da direita para a esquerda, as seguintes personalidades: o Prof. Dr. Levi Guerra, o Dr. Manuel Teixeira, a Dra. Zita de Magalhães, o Dr. Rui Vaz Osório e a Professora Dra. Isabel Ponce Leão.]