O auditório da Câmara Municipal de Ansião foi o local escolhido para o lançamento de mais um livro da lavra do Eng. Ricardo Charters d’Azevedo, o que aconteceu na tarde do dia 26 de Janeiro de 2013. Tem por título “Os Soares Barbosa – Ansianenses Ilustres” e constitui um volume de 136 páginas em formato A4, editado pela Textiverso, de Leiria, n.º 20 da sua colecção “Tempos & Vidas”. A apresentação foi feita pelo Dr. Manuel Augusto Dias. Na mesa estiveram, para além do autor e do apresentador, o Presidente da Câmara de Ansião, Dr. Rui Rocha, o Director da Al-Baiäz – Associação de Defesa do Património, Sr. Élio Dias Marques, e o representante da Textiverso.
Esta família Soares Barbosa representa, por assim dizer, o ramo feminino da extensa família Charters d’Azevedo. Foi uma Ana Bárbara Soares Barbosa, nascida em Leiria mas descendente dos Soares Barbosa de Ansião, que, ao casar, igualmente em Leiria, com o Ten.-cor. William Charters, do Reino Unido, em 1815, veio a ter na descendência uma Maria Isabel Charters a qual casou em 1843 com José Maria Henriques de Azevedo, futuro 1.º Visconde de S. Sebastião. Foi deste casal, cuja residência se fixou nas Cortes (Leiria), que nasceu uma prole de dez filhos que vieram a ser os grandes difusores da família Charters d’Azevedo.
O conhecimento existente hoje sobre a família Soares Barbosa, especialmente os Padres Dr. António e Dr. Jerónimo Soares Barbosa, deve-se essencialmente à obra “Ansianenses ilustres”, do Dr. Manuel Augusto Dias. No entanto, até na própria vila de onde são naturais e onde são há muito recordados, pela atribuição do nome de um deles a uma rua e o nome do outro a um colégio, se ignora o que realmente foram, o que escreveram e o que seus contemporâneos opinaram sobre as suas obras, que são, ainda hoje, mais de duzentos anos depois, lidas e estudadas, quer no país, quer no estrangeiro.
É, pois, bem oportuno este trabalho do Eng. Ricardo Charters d’Azevedo, 5.º sobrinho-neto de ambos, que nos dá a conhecer a sua importante actividade não só no âmbito das reformas pombalinas na Universidade de Coimbra e na educação em Portugal, na segunda metade do século XVIII, mas também o envolvimento de um deles nas correntes socio-políticas do seu tempo. Jerónimo Soares Barbosa é, por exemplo, autor de uma gramática ainda hoje utilizada em universidades dos Estados Unidos, tendo entre as suas múltiplas obras uma análise bem fundamentada aos “Lusíadas”, de Luís de Camões.
Aqueles dois insignes professores tiveram naturalmente irmãos e irmãs, e para o único que teve descendência, médico em Leiria, apresenta-se a sua descendência até aos dias de hoje. Este livro de Ricardo Charters insere ainda, em anexo, as instruções de 1759 para professores de gramática latina, grega, hebraica e de retórica, bem como a forma de organização dos estudos determinados pelo Marquês de Pombal, no qual se escreve que da Cultura das Ciências depende a felicidade das Monarquias, conservando-se por meio delas a Religião, e a Justiça na sua pureza e igualdade. Termina com um interessante apontamento sobre “As licenças necessárias para publicar um livro”, que eram intermináveis no século XVIII.