Festa bonita, que foi também de aniversário do autor, a da sessão de lançamento do livro “Os Malandros do Cruzeiro”, de José Capote Gonçalves, desenhador e pintor que se dedica ao artesanato no Cabo da Roca e que agora fez uma incursão pela escrita. Tem 124 páginas, é uma edição do autor e foi produzido pela editora Textiverso, de Leiria.
Já no dia 31 de Agosto de 2013 o livro tivera uma primeira apresentação, menos formal, nas Torres do Mondego, em Coimbra, durante um almoço de ex-militares da Companhia 1604 de Engenharia “A da Estaca” que esteve em Angola entre 1966 e 1968 e de que faziam parte outros dois autores editados pela Textiverso: Luís Vieira da Mota e Luís Veiga. A sessão oficial de lançamento, contudo, foi no dia 13 de Setembro, no Hotel Londres do Monte-Estoril, e a apresentação coube a Patrícia Muller, com pequenas intervenções de Carlos Fernandes, José Bray e, naturalmente, do autor.
Patrícia Muller e Carlos Fernandes acentuaram o estilo despojado de José Capote, objectivo e satírico, que assim faz sobreviver episódios da juventude de carácter picaresco, contados com graça e carinho, como lembrou José Bray. Patrícia leu algumas passagens do livro e abriu o apetite dos circunstantes.
Para quem não sabia, José Capote explicou que “Os Malandros do Cruzeiro” constituíam um grupo de jovens entre os 16 e os 25 anos, muito amigos e muito unidos, que tinham o seu “quartel-general” no edifício do Cruzeiro, um edifício semi-abandonado da rua do Viveiro, no Monte-Estoril, ali mesmo à vista do hotel. Eram divertidos nas suas brincadeiras, divertiam-se e divertiam quem tinha oportunidade de assistir a elas. Na sua época, corriam os anos 60, conviviam com jovens americanos, filhos dos operários da então designada Ponte Salazar, e imitavam os seus tiques. Gostavam de dançar as danças da época, como o twist e o rock and roll. Era um grupo engraçado que vestia t-shirts, jeans, cintos largos, calçava ténis ou botas de salto alto e usava o cabelo como o Elvis Presley. Divertiam-se sem drogas, nem vandalismos. Esta rapaziada gostava de percorrer a rua em grupo e de dizer piropos às miúdas portuguesas e estrangeiras que por ali passavam.
Numa escrita simples e enxuta, desprovida de literatices, Capote descreve neste seu livro as histórias dignas de registo que ali aconteceram, acrescentando-lhe algumas outras ocorridas durante o período da sua vida militar, em Angola.