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Director do “Jornal das Cortes” desde Agosto de 1994 até Dezembro de 2013, Rui Sá Pessoa despediu-se das lides jornalísticas e administrativas do periódico no passado dia 14 de Dezembro de 2013, numa sessão em que foi apresentado um livro da sua autoria, nas instalações da Casa-Museu João Soares, nas Cortes (Leiria). Tem por título “Reflexões de cidadania – Prosa e poesia”. Editado pelo jornal e produzido pela editora Textiverso, de Leiria, o livro tem 208 páginas e insere numerosos escritos em prosa e poesia publicados no mensário e ainda muitos inéditos em poesia.

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Na apresentação estiveram Joaquim Santos, Director do “Notícias de Colmeias”, que completou justamente 14 anos, a filha do Autor, Rosa Sá Pessoa, e o neto, Fernando Sá Pessoa Figueiredo. O irmão do Autor, António Sá Pessoa, teceu também algumas considerações. Joaquim Santos, ao traçar o perfil do Autor, disse, nomeadamente: «O que vou tentar fazer hoje nesta homenagem a Rui Pessoa é transmitir-vos a essência de 14 anos de proximidade a uma pessoa que com o tempo fui apreciando como ser humano, conhecendo como cidadão activo, partilhando a vida, mas também as lides jornalísticas e acima de tudo dinamizando as nossas terras de Cortes e Colmeias, dimensão cada vez mais descurada destas novas gerações.» Afirmou ainda: «Três palavras definem a minha relação com Rui Pessoa: amizade, jornalismo e inconformismo.» Por sua vez, Fernando Sá Pessoa Figueiredo falou do livro, considerando-o constituído «por quatro grandes partes: os Editoriais, os Evocando, as Gazetilhas e poemas de vária ordem: de afecto familiar, dedicados à terra do meu avô, dedicados aos amigos e de cariz mais místico». E acrescentou: «Se as três primeiras partes se referem aos trabalhos expostos no jornal, esta última mostra um outro lado mais íntimo do autor.» Pormenorizando: «Nos editoriais, temos textos que versam sobre Leiria (o primeiro é sobre o Orfeão), sobre o país e sobre as Cortes, sobre a luta e sobre o descanso, sobre os direitos e sobre os deveres, sobre os valores morais e sobre os imorais, sobre a violência e o radicalismo, sobre novos e sobre velhos, a política e os políticos, enfim, sobre a humanidade. O seu inconformismo social e político está patente em muito do que escreve, mas especialmente nos editoriais. (…) O espaço Evocando, que também era feito no jornal pelo diretor, evoca, como o próprio nome indica, personalidades da comunidades aqui perto das Cortes, sejam figuras cortesenses, sejam da Reixida, Fontes, etc. Não só sobre isso, mas direi que esta é uma marca principal. (…) Nas Gazetilhas e nos Poemas Vários, por não raras vezes o meu avô resolve as suas críticas e inconformismos com reflexões mais ou menos escatológicas sobre o estado do mundo e das suas convenções. (…) Devo apontar [também] o outro lado do livro. Todo ele é crítica e todo ele é dúvida, é certo. Mas, se numas vezes nos rimos com elas, noutras a nossa cara poderá tomar outras expressões.» Em suma, diria ainda Fernando Sá Pessoa: «O livro é uma colectânea seleccionada dos trabalhos do “Jornal das Cortes”, e não só. É um livro vivido, feito ao longo de vinte anos. O livro é simples, e é complexo. Tem poucos separadores, cada texto é independente, mas em cada linha encontramos a cumplicidade que o autor tem com a terra em que vive, com as suas pessoas, e em cada verso há sentidos e não-sentidos que o autor observa no encontro consigo mesmo. Não nos resolve os problemas da vida, não se trata disso. Não nos guia à verdade secreta. O livro é somente o descobrir de tudo quanto existe, seja bom ou mau. É assim porque sim.» A filha do Autor, Rosa Sá Pessoa, leu alguns poemas do pai, e o irmão do Autor, António Sá Pessoa, falou do irmão e da vida ampla que ambos viveram e vivem em comum, do aprendizado recebido dos pais e do convívio com as pessoas da terra, completando com alguns poemas de sua autoria. Foi-se o Director do Jornal, mas ficou o homem, mais liberto, e, agora, a sua obra vertida em livro, para os vindouros.