No dia 29 de Julho de 2008, integrado nas comemorações do Centenário do Nascimento do Mestre António Cordeiro Gonçalves, foi apresentado um opúsculo biográfico do homenageado com o título "Mestre Cordeiro - uma vida filarmónica", da responsabilidade de Carlos Fernandes e Vítor Cordeiro Gonçalves, este último filho do Mestre Cordeiro. Com 48 páginas, este livrinho é uma edição da Comissão Organizadora das Comemorações e da editora Textiverso, constituindo o n.º 2 da colecção "Tempos & Vidas".
Na introdução, Carlos Fernandes escreveu: «O texto que se segue não é propriamente uma biografia, pelo menos no sentido habitual do termo. O que procurámos foi juntar aqui um conjunto de referências à actividade de António Cordeiro Gonçalves enquanto profissional - era um militar músico - e enquanto regente ou mestre de uma série de filarmónicas, sobretudo no concelho de Leiria, mas também fora dele, como Ourém ou Évora.» Para depois considerar: «É indiscutível que nasceu para a música na Filarmónica das Cortes lá por meados da década de 20 do século XX, assumindo a breve trecho a regência dela, mas rapidamente fazendo valer os seus dotes naquela arte, subindo na carreira militar, como amanuense e como músico, de uma forma fulgurante, competente e contagiante.»
Esta paixão pela música e, em especial pelas filarmónicas, é testemunhada pelo filho, no Prefácio: «Mas era paixão mesmo. Nas épocas em que andava inspirado a compor, aparecia a assobiar em surdina e era então a criatura mais distraída que se podia imaginar - lavava as mãos e não fechava a torneira, fazia um chá no fogão e deixava-o aceso e, um dia, quando vivia connosco em Leiria, um vizinho bateu-nos à porta, logo de manhã cedo, para lhe dar as chaves do carro que ele deixara enfiadas na fechadura da porta do carro na noite anterior.» Sobre a admiração que nutre pelo Mestre (e pai) escreve ainda: «Se outras razões não houvesse, o facto de ser músico, fazendo dessa actividade a sua principal ocupação ao longo da vida, durante 76 anos, e de ser regente de bandas durante 68 anos (várias vezes de duas bandas em simultâneo), e de se ter mantido a trabalhar até aos 88 anos, já seria por si só um feito notável. Mas há mais: fazia-o com paixão e não olhava a sacrifícios.»
O opúsculo foi apresentado justamente por Vítor Cordeiro na sala das sessões da Junta de Freguesia das Cortes, quando se inaugurava uma exposição alusiva ao Mestre Cordeiro, com a sala repleta de amigos e admiradores daquele que levou uma autêntica "vida filarmónica".