O auditório da Biblioteca Municipal de Alcobaça acolheu, no dia 7 de Maio de 2016, mais uma sessão para o lançamento de um livro. Trata-se de “Estudos sobre o Mosteiro e coutos de Alcobaça”, da autoria de António Maduro e de Rui Rasquilho. Com 236 páginas, foi uma edição dos autores e da Textiverso, de Leiria, volume n.º 33 da colecção “Tempos & Vidas”. A apresentação foi feita pelos próprios autores.

O livro insere 13 estudos independentes, embora todos eles com o Mosteiro de Alcobaça e o seus antigos coutos em fundo. Sete deles são assinados por António Maduro, cinco por Rui Rasquilho e apenas um por ambos. Todos eles haviam sido já publicados em revistas da especialidade, pelo que a sua reunião em livro os torna mais acessíveis ao público, em particular aos menos especializados. Enquanto Rui Rasquilho, antigo director do Mosteiro, centra as suas atenções na estrutura do monumento e na história dos que lá viveram e ainda na preservação do património e nas igrejas paroquiais da vila, António Maduro, doutorado em História Contemporânea, orienta as suas investigações para as estruturas e vida rural dos coutos, detendo sobre o assunto conhecimentos vastos e específicos.

 

São especialmente notáveis as abordagens de Rui Rasquilho que, em cada pormenor, encontra pretextos para mais investigação e mais histórias, como a da escultura do rinoceronte que ilustra a capa (gárgula do Mosteiro), desvendando paulatinamente complexas questões que o tempo se encarregou de velar. E é notável observar como, volvidos quase 200 anos sobre o encerramento do mosteiro enquanto tal, tantas e tão diversas questões permanecem incógnitas. O olhar cirúrgico de Rui Rasquilho, contudo, vai fazendo luz sobre algumas delas, estimulando a curiosidade e suscitando leituras cada vez mais lúcidas. Na apresentação, este investigador deu a conhecer como a sua curiosidade, de par com a investigação incessante, lhe permite ir escrevendo a história de um dos mais notáveis mosteiros cistercienses do mundo.

Quanto a António Maduro, na senda do trabalho sério a que nos habituou, elege os coutos e toda a actividade que neles se desenvolveu para demonstrar a importância do conhecimento esclarecido, avançado e disciplinado que os monges imprimiram a quem neles laborava todos os dias. O título de um dos artigos, que considera “A cultura do olival e da vinha [como] motor do desenvolvimento agrário alcobacense”, é revelador da sua visão relativamente ao papel da agricultura em Alcobaça. O livro que reproduz a síntese da sua tese de Doutoramento, “Cister em Alcobaça: Território, Economia e Sociedade (séculos XVIII-XX)”, um dos estudos mais lúcidos e abrangentes sobre o assunto até hoje produzidos, dá-nos uma ideia clara da diferença entre o que se fazia nos coutos, evoluído e eficaz, e o que se fazia fora deles, pobre e artesanal. Também os estudos inseridos no livro agora apresentado se assumem «como um contributo valiosíssimo para o conhecimento das técnicas de produção e transformação, nos sectores da floresta, das culturas cerealíferas, da vinha, do olival e das frutas, utilizadas no território alcobacense».

Da plateia foram feitas depois diversas perguntas cujas respostas, por parte dos autores, ajudaram a enriquecer as informações veiculadas pelo livro.