A biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira, em Leiria, foi o espaço escolhido para a apresentação, a 12 de Dezembro de 2009, do livro de estreia literária de Daniel Basílio, um jovem leiriense de 30 anos licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa e, agora, doutorando do Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da Universidade de Aveiro. “São douradas as cordas” é o título desse livro de poesia em que a editora Textiverso apostou para inserir na sua nova colecção “Poesia – novos talentos”.
A apresentação esteve a cargo do Professor Doutor Gustavo Rubim que começou por manifestar a sua/nossa dificuldade em definir o que é a poesia: «A poesia é um assunto difícil. Difícil saber o que é, do que é que se está a falar, difícil de saber que ideia se tem para fazer corresponder à palavra. É uma arte? Uma forma de escrita, entre outras? Um talento? Uma vocação? Um género? Um jogo? Um dom? Uma mania? Um anacronismo? Uma preguiça? Uma fuga? Um mistério? Um ornamento (da alma ou do currículo)? Ou pode ser qualquer coisa destas e é consoante?»
Sobre o livro de Daniel Basílio, diria que «é um livro arriscado». E acrescentaria: «Mas é também um livro cujos poemas sabem que correm riscos, e que falam dos riscos que correm, que os põem à vista, de mais do que uma maneira.» Concretizando: «Em geral, os riscos de que fala a poesia de DB são riscos relacionados com a fala, com a comunicação, com a escrita, com as palavras. Não se trata portanto de mais um destes poetas para quem a poesia é só uma outra maneira de dizer coisas que se entendem perfeitamente sem poesia, que se podem relatar numa página de diário ou até num artigo de jornal um pouco mais literário que o costume (…) Mas também não se trata aqui de um poeta que responde com banalidades académicas às banalidades jornalísticas. A poesia de DB é o género (eu diria, como uma forma de elogio: o género um pouco inactual) de poesia para a qual é importante responder ou voltar a responder à pergunta “o que é a poesia?” ou “o que são estas palavras a que chamamos poesia?”.»
Citando o autor, que insinua ser cada palavra do seu texto “como uma gota/ de água/ caindo na água/ na sua água”, Gustavo Rubim concluiria que «neste livro há água fresca, como nem sempre há em todos os primeiros livros, mas também há esta água de inundação que é sempre uma água impura, misturada, não totalmente transparente nem cristalina nem, sobretudo, fácil de conter».
As palavras de Gustavo Rubim podem ser lidas integralmente na secção “Apresentações”.