Muitos rostos, com certeza que também com muitas outras histórias, estiveram no dia 5 de Dezembro na Casa-Museu * Centro Cultural João Soares para assistir ao lançamento do livro “Rostos com história”, da autoria de Carlos Fernandes, edição do “Jornal das Cortes” e produção da editora Textiverso, n.º 10 da sua colecção “Tempos & Vidas”.
Escreveu o autor na Introdução: «Este livro é, em absoluto, uma manta de retalhos que nem sequer procurámos coser para ter qualquer consistência que não seja a que cada um dos textos contém. Isso não significa que, em termos globais, ele não represente uma história comum da nossa comunidade, respigada da história de exactamente duas centenas de pessoas ou grupos que, ao longo de duas décadas, fomos ouvindo, registando e publicando nas páginas do Jornal das Cortes.»
Carlos Alberto Silva fez a apresentação do livro e disse, nomeadamente: «Este é um livro com 560 páginas e uma excelente apresentação gráfica. Reúne 200 «estórias» – de muito mais de 200 pessoas –, a maioria delas entrevistas, mas também algumas reportagens e até algumas notícias complementares, constituindo, por vezes, no seu conjunto, pequenos dossiers sobre pessoas ou instituições./ Estes textos foram publicados nas várias edições dos últimos 22 anos do “Jornal das Cortes”, pelo que sabemos, a partir do n.º 4, de 5 de Março de 1988./ A sua esmagadora maioria é da autoria de Carlos Fernandes, sendo onze, inseridos em anexo, de outros autores.»
Definindo a entrevista como «um género jornalístico», mas também como «uma técnica de estudo social», Carlos Silva considerou que, «não sendo esse o tipo de entrevistas que encontramos neste livro, ele não deixa de ser um documento precioso no estudo de uma comunidade como a freguesia das Cortes». E admitiu: «Estando a maioria dos entrevistados ligada, directa ou indirectamente, a esta terra, é possível usá-lo para complementar estudos sobre diversos aspectos da vida das suas populações.»
A este propósito, Carlos Fernandes explicou na Introdução: «São 20 anos de histórias que, para além do que representam de estritamente pessoal, atravessam transversalmente todo o século XX e já parte do século XXI, deixando para os vindouros preciosas informações sobre actividades profissionais, ocupações institucionais, associações, colectividades, instituições ou grupos criados, mantidos ou desaparecidos, utilização do tempo, criatividade, arte e cultura, opções de vida, religiosidade, história local e episódios pessoais ou da comunidade, numa verdadeira colectânea de matéria-prima antropológica que poderá servir de matriz para qualquer estudo que, no futuro, queira fazer-se sobre a freguesia das Cortes.»
Terminando a sua apresentação, Carlos Silva concluiu: «Este livro veio então recuperar do registo estritamente jornalístico informações que estariam, de novo, perdidas no tempo – dada a efemeridade do próprio jornal (...). Veio igualmente sistematizar, dadas as suas características, uma parte significativa das «histórias de vida» de alguns dos seus naturais e/ou residentes./ E, passado este tempo, tornou-se também numa merecida homenagem àqueles que, tendo entretanto partido, tiveram ainda a possibilidade de deixar o seu testemunho aos vindouros sobre o que foi, para eles, nascer, crescer, trabalhar, sofrer, amar, enfim viver nesta bela terra à beira Lis espraiada.»
O Director do “Jornal das Cortes”, Rui Sá Pessoa, também interveio para deixar expressa a ideia de que este livro faz justiça aos habitualmente esquecidos ou àqueles de quem «só se lembram para pedir votos ou pagar impostos».
Por sua vez, Jorge Estrela, Director da Casa-Museu João Soares, saudou o autor e as iniciativas do jornal, deixando uma mensagem de Mário Soares que, tendo-lhe telefonado pessoalmente, deixara os seus votos de bons êxitos.
Durante as intervenções, foram passando no ecrã, em frente da plateia, as fotografias de todos os entrevistados no livro, o que agradou manifestamente a quem pôde presenciar.