Biblioteca Municipal de Leiria, 22 de Maio de 2014
BOA TARDE
Para a assistência que hoje nos acompanha, para o Sr. Presidente da Câmara, para a sra vereadora Anabela Graçae para os meus companheiros de Mesa Prof Doutor Saul Gomes, Eng Carlos Fernandes e para os membros do Conselho Consultivo e para os muitos amigos que vejo na sala. Um muito obrigado também à minha mulher que além de me aturar nas minhas pesquizas, ainda por cima me vem escutar.
Estamos quase no período de reflexão para sabermos em quem vamos votar, no próximo domingo. Ficar em casa não nos fica bem. Lembro-vos que foi a União Europeia que nos emprestou dinheiro e a um juro mais baixo do que aquele que o mercado nos pedia na altura… Cabe-nos agora não fazer de conta que nada se passou e irmos votar.
Talvez uma boa forma de nos preparar para o ato de votar, refletindo em quem o dar, ou simplesmente votar branco/nulo, possa ser olhar para um livro tranquilo, que não tem qualquer envolvimento direto no atualconflito político do dia-a-dia.
Refiro-me à obra editada pelo Eng Carlos Fernandes, da Textiverso, Cadernos de Estudos Leirienses, cuja coordenação científica cabe ao Prof Doutor Saul António Gomes, cujo primeiro número se lança hoje.
Pediram-me para que eu dissesse algumas palavras, a propósito. Aqui vão:
Trata-se de um livro invulgar:
• Invulgar, pela coragem em editar um livro nesta altura em Portugal, pois dada a crise pouca gente compra,
• Invulgar, pois impresso, vai numa linha diferente daquela que a modernidade aponta, i e de fazer e books;
• Invulgar, pois é colocado á venda por um preço MUITO convidativo;
• Invulgar, pois consegue colocar lado a lado autores que tem publicado histórias sobre esta nossa região;
• Invulgar, promete que não se fica por aqui e mais números serão publicados, nomeadamente este ano;
• Invulgar, pois permitirá que alunos do ensino superior de qualquer universidade ou politécnico, possam publicar os seus estudos, ou resumos de teses;
• Invulgar, pois usando uma fórmula, que se pode classificar de fácil, irá demonstrando importânciada nossa região na história nacional e as seus impactos no mundo.
Porque é que eu apoio esta edição?
Resolvi dar um apoio financeiro a esta edição com a ideia de promoção de estudos sobre a história e o património da nossa região, para que, ao conhecermos a nossa história, melhor possamos defender a nossa região. Nesta linha se insere o apoio que tenho dado á ADLEI para o Premio Villa Portela, concedido cada dois anos e que conta igualmente com o suporte da Câmara Municipal de Leiria, do Instituto Politécnico de Leiria e da editora Gradiva .
Segundo a Textiverso, os Cadernos têm como objetivo proporcionar aos numerosos investigadores um veículo essencial para a divulgação dos seus trabalhos que tenham naturalmente como pano de fundo a região alargada de Leiria e dos seus territórios limítrofes com afinidades, como é o caso do concelho de Ourém.
Não se pretende que os Cadernos sejam simplesmente um veículo científico “strito sensu”, mas também não se pretende que se resumam a meros artigos de caracter jornalístico.
A sua função será de fixar elementos essenciais para a compreensão deste território que acabo de definir, com textos síntese, mas suficientemente desenvolvidos e fundamentados para colherem junto dos potenciais leitores a confiança e o esclarecimento que a história desta região merece.
Muitas vezes o público não teria oportunidade de aceder ao conteúdo de teses, ou comunicações em colóquios, pois não tem facilmente acesso aquelas e às atas daqueles, ou porque são de difícil leitura ou porque de restrita circulação.
E que é que esta primeira edição comporta?
E o que é que eu gostaria de saber sobre esta nossa região? Muito… é a minha resposta. Será que um residente desta região saberá quem são os cidadãos que tem nomes nas ruas das nossas povoações? Saberá o que fizeram mais do que outros para serem homenageados? Saberá por exemplo porque é que o estádio se chama de Magalhães Lima? Que terá feito ele, como presidente da Câmara que outros que também igualmente foram? E José Jardim quem era? E o que fez para ter um nome de uma rua, ou será avenida? Dona Alda Sales Machado, que acaba de ver publicada a 2ª edição do seu livro “Toponímia de Leiria” teve muita dificuldade em encontrar registos nos processos da comissão de toponímia que lhe permitissem responder a estas e outras questões.
Como eu gostaria de saber o resumo dos resultados de algumas investigações antropológicas, como por exemplo aquela que se efetuou na praça Rodrigues Lobo quando se tiveram de abril algumas valas. Existe um relatório preliminar da empresa que fez as investigações, mas foi paga e nunca chegou o relatório final. Que bom seria, se em meia dúzias de páginas se relatasse o que la se encontrou e as conclusões tiradas?
Já se poderia, por exemplo, contar a história do estádio em Leiria, cujo primeiro projeto foi oferecido, em 2 de Julho de 1948, pelo meu Pai, Eng Roberto Manuel Charters d’Azevedo, para o qual foi por ele obtido financiamento do ministério das obras Públicas. No entanto em 1955 fazia-se, na Câmara um outro projeto, pois nesta nossa Leiria ninguém esta satisfeito com qualquer coisa que outro tenha apresentado.
E isto só para falar de Leiria. E sobre as outras localidades deste longo distrito muitas coisas gostaríamos de “ouvir”, como como evoluiu a lagoa da Pedreneira durante os primeiros seculos da nossa independência. Já temos um cheirinho apresentado pelo Carlos Fidalgo
Por tudo isto estamos aqui para felicitar o editor, o Eng Carlos Fernandes, da Textiverso e dizer-lhe não esperaríamos menos dele e aguardamos que o trabalho que há longos anos tem desenvolvido para dar a conhecer a história de Leiria e da sua terra, as Cortes, venha agora a ser vertido e continuado nos Cadernos Leirienses
Por último devemos agradecer ao Prof Doutor Saul António Gomes, que nos tem presenteado com magníficos estudos sobre o nosso distrito, relembrando-nos quando ele é rico em acontecimentos históricos. Quem aqui vive esquece-se que neste distrito temos monumentos construídos pelos nossos passados muito relevantes e importantes, como o de Alcobaça e o da Batalha, não falando dos nossos castelos de Leiria, Ourém, Porto de Mós que tão bem figuram na capa destes Cadernos Leirienses de História. O Prof Doutor Saul António Gomes, vem-nos sempre relembrando a história destes locais e a os nossos antepassados. Bem-haja, Doutor Saul Gomes.
Ricardo Charters d’Azevedo