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Paulo José Costa voltou, mas voltou acompanhado. Desta vez trouxe consigo Sara Fabião, agora fotógrafa, na boa senda da ascendência familiar. O resultado foi um livro singular que dá pelo nome de “Vizinhança de Olhares” onde a poesia e a fotografia andam de braço dado e, na euforia do baile, transvasou para uma exposição no m|i|mo – museu da imagem em movimento onde estará até 27 de Julho. O livro tem 96 páginas, é uma edição do autor com produção da Textiverso, de Leiria, e foi apresentado no m|i|mo a 7 de Junho de 2014 pelo escritor Paulo Kellerman.

A sala escolhida foi a da própria exposição. Paulo Kellerman mostrou-se sensibilizado e disse da graciosidade dos textos no seu diálogo com as imagens no livro e naquela casa, agora comum, extensão da casa dos autores, que são vizinhos. No seu bloco de apontamentos garatujou algumas notas alusivas: «É como um novelo de gestos e momentos, um punhado de mistérios alongando a alma para o território destas paredes, destes soalhos que sustêm o corpo em busca da beleza e dos seus significados. (...) É então isto um refúgio que nos habita, tornando menos tangível a escuridão. Aqui se desvanecem os medos e se constróem as partilhas: a tua, a minha, as nossas supremas certezas que formam o núcleo dessa invencibilidade chamada Amor!»

A meio da sessão, a jovem Beatriz Sá Vieira interpretou alguns temas clássicos na sua viola, emprestando ao ambiente um tom ainda mais intimista. E, depois, Sara Fabião e Paulo Costa falaram dessa experiência que foi fazer fotografias para um texto prévio ou, ao contrário, escrever sobre um fotografia. Ambos de um ângulo quase comum, que é o da vizinhança, que é o da cumplicidade, que é o da comunhão.

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Paulo Costa escreve na introdução do livro: «As palavras aqui expostas são imagens em verso, numa espécie de romagem ao âmago do espanto, como uma itinerância dos sentidos que atravessa o espaço da entrega, confluindo para dentro das interrogações e dos dilemas. (...) Neste confronto com a (re)criação do homem, na invencibilidade dos dias que percorremos, sobressaem o clamor das palavras e a luz das imagens, deflagrando como chamas de desprendimento e vitalidade.»

Noutro texto considera que «a Poesia e a Fotografia, com os seus dedos de mistério, ao firmarem planos de pormenor ou linguagens interiores, visando capturar experiências vitais ou retratando emoções sincréticas, conferem a esta assumpção harmoniosa um carácter de “Arte-Geminada”». Aliás, livro e exposição edificam-se «a partir de fronteiras permeáveis e de olhares simétricos». Portanto, a partir de... vizinhanças!

O livro está aí. E parte da sua venda reverterá a favor da Appda - Leiria. Quanto à exposição, dita “poéticofotográfica”, também enriquecida com música (de Paulo Costa tocada por este e por Edgar Cid) a ouvir pessoalmente junto de cada imagem, ela pode ser vista “in situ” ou, mais comodamente, através de diversos endereços electrónicos:

https://www.youtube.com/watch?v=j7OoMzNTw6I

http://vimeo.com/97482596 (vídeo-promo criado por Arlindo Cid)

https://www.youtube.com/watch?v=z00e5MKWccY (produção de Tiago Antunes)

https://www.dropbox.com/sh/zjcou6vljaoeums/AADyGpZsydadNE1c-SeQWkzCa (Arlindo Cid em “modo fotógrafo”).