Amigos, conhecidos e interessados curiosos participaram, no dia 19 de Outubro de 2014, na sessão de lançamento do livro “Vendedor de Sapatos”, da autoria de Nídia Nair, que concebeu não só o texto mas igualmente as ilustrações. É um livrinho de 24 páginas, a cores, produzido pela Textiverso, que tem como alvo o público infanto-juvenil. A apresentação, que esteve a cargo da professora Helena Espírito Santo, decorreu na galeria da Fundação Caixa Agrícola de Leiria (ao Terreiro) e contou ainda com uma graciosa coregrafia da responsabilidade da bielo-russa Inesa Markava.
Helena Espírito Santo salientou o carácter pedagógico do livro, não só na sua componente linguística – é apresentado com texto bilingue (português e inglês) –, mas também noutras vertentes, como a social e a ecológica. Sobre o vendedor de sapatos, a autora escreve que, «com ele, aprendíamos a reconhecer a perfeição e qualidade da arte de outras mãos». E evoca também o momento em que ele «guiava as nossas mãos meninas até aos bolsos largos do seu casaco», e o prazer com que, «sob um sorriso silencioso e terno, guardava o brilho guloso dos nossos olhos ao descobrir um pacote de bombons». No capítulo ecológico, a apresentadora referiu ainda que Nídia Nair considera a possibilidade de, no sector do calçado, podermos «aplicar uma política de 4 R (Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recuperar)». Terminaria com a Invocatória com a autora começa: «Calçada ou descalça, não deixarei de caminhar!»
Foi a estreia literária de uma artista, arquitecta de formação, que só é uma estreia por só nesta data ter decidido apresentar formalmente o seu trabalho, mas a verdade é que ele já anda por aí nas mãos de algumas pessoas há várias semanas. Estamos, de facto, em presença de uma pessoa cheia de ideias, muito criativa, com um entusiasmo fremente, desejosa de comunicar os seus projectos que não se ficam somente pela escrita – das histórias à poesia visual – e pela ilustração de capas e de histórias ou pela fotografia. Nídia Nair é também criadora de objectos lúdicos ou decoradora de objectos de utilização comum, entre muitas outras ocupações a que dedica o seu tempo.
Na circunstância, deve salientar-se o kit linguístico que ela produziu e que pode, a título facultativo (mas recomendado) acompanhar a história do “Vendedor de Sapatos”, com o objectivo de treinar a aprendizagem de línguas com um jogo/dicionário ilustrado em alemão, espanhol, francês, inglês e russo.
Sublinhe-se também que “Vendedor de Sapatos” não é apenas uma história. Há no projecto, como referiu a apresentadora, cuidados e zelos ecológicos. Em todos os seus trabalhos perpassam todas as preocupações dessa natureza, desde a contenção nos consumos de recursos não renováveis à reciclagem de produtos reutilizáveis. Neste livro, Nídia Nair propõe mesmo a criação de “Bancos de sapatos”, «para, quando já não nos servem (ou gostamos menos), poderem ser usados por outras pessoas», e também de “Sapatões” – «ecopontos» para recolha de calçado danificado, a fim de «poder ser reciclado e transformado noutros componentes industriais».
Não estamos, pois, em presença de uma iniciativa comum, mas, isso sim, de um projecto que nos interpela para a questão da preservação do ambiente em que vivemos, através de um livro bem elaborado, com uma história afectiva que pode acordar em nós, e em especial nos mais pequenos, a consciência para problemas cada vez mais candentes num planeta em que nada é eterno e em que os recursos, cada vez mais escassos, precisam de ser geridos com sabedoria e equidade.