Desta vez foi o Moinho do Papel, em Leiria, o local escolhido para Pedro Jordão lançar o seu último livro, “Deus aposenta-se”. Foi no dia 2 de Junho de 2018, com apresentação de Carlos Lopes Pires. Este livro tem 254 páginas, é uma edição do autor e teve produção da Textiverso, de Leiria.
Pedro Jordão já em 2016 lançara outro livro, então com o título “Textos cínicos de amargura variável”, e, como poderá ver-se agora, nesse e neste que agora deu à estampa o autor manifesta um estilo menos comum que os retira da órbita da ficção ou do ensaio. Em “Deus aposenta-se” há um permanente tom de sátira que exige do leitor alguma atenção para perceber onde o autor quer chegar ou o que pretende efectivamente dizer. Carlos Lopes Pires adiantou mesmo que esta obra «oscila entre a ironia e o ciniquismo, que é a prática convicta e regular do cinismo». Segundo ele, «a ironia e o cinismo somente servem para trazer ao leitor a revelação da iluminada verdade que o autor busca, e pela qual se perdeu por todos os quases e meios caminhos». Carlos Pires refere ainda que alguns textos, «atravessados de humor, são sobretudo uma bofetada de humanidade na humanidade que todos somos, mas não sabemos». «Que este livro é também sobre isso: humanidade. Humanidade tantas vezes plena de estupidez, ridículo, sobranceria e falta de humildade. Mas igualmente de elevação. Porque há também o carinho, a generosidade, a compreensão, a fraternidade, que aparecem ao longo do livro, e nos transmitem algumas boas coisas de humanidade.» E garantiu que «aquelas e aqueles que lerem este livro saberão que não é uma obra de entretenimento – é algo muito sério, é um livro escrito para Ninguém».
Carlos Pires afirmou que “Deus aposenta-se” é um livro repleto de sabedoria, sendo que «sabedoria é o que resulta de caminhar-se no deserto e ver as coisas por dentro e por fora». E concluiu salientando um aspecto interessante: «Diversos textos desta obra nasceram no contexto dos Serões Literários das Cortes que, para quem não saiba, é uma tertúlia que acontece ao segundo sábado de cada mês, nas Cortes [Leiria], e que faz em 2019 vinte anos de existência. Seguramente que estes textos comprovam o bom ambiente e vivacidade destes Serões na província.»
A “interromper” o curso da apresentação, apareceu um mal disfarçado cardeal, de sua graça pardacenta Luigi della Lambretta (no século, Luís da Mota), que contestou com “vermelhência” o teor do livro e que só não foi lapidarmente lapidado porque o povo é sereno.