Na Casa-Museu João Soares, nas Cortes (Leiria), foi lançado no dia 30 de Junho de 2018 o novo livro de poesia de Carlos Lopes Pires que tem por título “a noite que nenhuma mão alcança”. O volume tem 188 páginas, com capa e ilustrações de Fulvio Capurso, e foi produzido pela Textiverso, de Leiria, 7.º volume da sua colecção “Poesia”.

 

A apresentação foi feita por Carlos Fernandes. Este disse, nomeadamente, que, com este livro, o autor «atinge o número redondo do quarteirão de livros, com carácter literário, editados desde 1993 (…), exactamente à média de um livro por ano, desde há 25 anos».«Prosa e poesia. Ultimamente, em livro, só poesia. Fora dos livros tem dissertado amiúde, reflectindo sobretudo sobre a concepção de poesia e as artimanhas de uma certa literatura que teima em acompanhar, de forma cúmplice, os vazios que caracterizam um fim de civilização.»

Acrescentou ainda que, «quando agora surge com um novo livro, intitulado “a noite que nenhuma mão alcança”, é claríssimo que nos convida a seguir o raciocínio do penúltimo livro: o mundo para além das palavras é tão vasto que o poeta não vê nada – é como a noite densa que nenhuma mão, nem mesmo uma mãozinha marota, consegue alcançar». Carlos Lopes Pires, ele mesmo, considera «haver, na existência de cada um de nós, algo que não vemos, tocamos ou conseguimos racionalizar, plenamente, e que designa como “o ponto cego da existência”. Talvez a poesia permita o seu vislumbre ou sentimento».

Carlos Fernandes considerou ainda que «quando à ignorância se passa a chamar noite é porque, paradoxalmente, se começa a ter alguma clarividência». Para Carlos Pires «o poeta é coisa rara», não é nada um fingidor, mas «um tipo que faz descobertas/ muito improváveis» ou mesmo «um incoisador de coisas/ coisificadas». Que escreve para si mesmo: «confessa// agora compreendes/ que nem mesmo o teu caminho// foi teu».