O novo livro de Ana Cristina Luz, uma homenagem a Aristides de Sousa Mendes
- Detalhes
- Categoria: Notícias
«Era meu objectivo salvar toda aquela gente, cuja aflição era indescritível». São estas palavras de Aristides de Sousa Mendes que Ana Cristina Luz coloca como epígrafe ao seu novo livro, A Lista de Aristides de Sousa Mendes, e que poderiam constituir uma sua súmula.
Este livro, com a chancela da Textiverso, é – diz-nos a autora – o resultado de alguns anos de trabalho, o fruto da sua dissertação de mestrado, e um sonho realizado: o de, à sua medida, homenagear Aristides de Sousa Mendes, presentificando o seu gesto altruísta de há oitenta anos, que tantas vidas salvou, com um livro que nos fala dos vistos passados a pessoas que, conforme o apurou a autora na sua investigação, devem a vida a este herói português: pessoas que se vieram a tornar célebres no mundo da cultura. Salvador Dalí é um dos nomes que integra a lista de Aristides de Sousa Mendes, entre muitos outros.
A inultrapassável importância do serviço público
- Detalhes
- Categoria: Notícias
Há acontecimentos que têm um efeito revelador da natureza de certas posições políticas. A actual pandemia é um desses casos. O que teria acontecido aos portugueses se o país tivesse seguido aquilo que certos grupos sociais e políticos advogam relativamente à privatização da saúde e da educação? Esta pergunta deveria assombrar, como se fora um fantasma, cada um de nós. A resposta dada pelos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi extraordinária. O próprio SNS mostrou uma inesperada resiliência, apesar de há muitos anos, sob o fogo de um radicalismo liberalizante, estar a ser desgastado e de haver nele um investimento cada vez mais parcimonioso. Também o sistema educativo público português e os seus profissionais deram uma resposta que merece ser sublinhada, ao reinventar-se de um momento para o outro.
O radicalismo liberalizante que sopra tanto de fora como de dentro do país teve, nesta terrível experiência, uma das suas maiores derrotas. Tanto no Serviço Nacional de Saúde como no sistema público de educação, os seus profissionais mostraram aquilo que verdadeiramente os move, apesar das campanhas que sobre eles regularmente se abatem. O serviço público. A ideia de serviço público tem sido alvo, desde há décadas, de ataques ferozes, desvalorizando quem abraça uma carreira que não conduzirá nem à glória nem à riqueza. Quando a comunidade precisou, de uma forma ainda mais urgente e difícil, daqueles que a servem, os corpos profissionais disseram presente. Os da saúde arriscando a vida para salvar os seus pacientes. Os da educação descobrindo, de um dia para o outro, um caminho para que as novas gerações continuassem a aprender.
O espírito liberal e o liberalismo não são um mal. Precisamos de pessoas mais livres, mais autónomas e responsáveis. Precisamos de uma economia concorrencial, menos dependente do Estado e mais do mercado. O liberalismo torna-se um mal quando se radicaliza e quer destruir o serviço público, quer entregar áreas tão importantes como a saúde ou a educação apenas nas mãos dos interesses privados. O liberalismo é um mal quando corta com a dimensão social e o espírito comunitário. Se há alguma coisa a aprender no contexto desta pandemia é a inultrapassável importância do serviço público. Esperemos que a lição seja aprendida e que um largo consenso, da direita à esquerda, se estabeleça na defesa de um serviço público de grande qualidade, e não meramente assistencial, tanto na saúde como na educação.
Jorge Carreira Maia,
Maio 2020. http://kyrieeleison-jcm.blogspot.com
Revista Dobra em tempos de pandemia − desdobramento
- Detalhes
- Categoria: Notícias
Conheça o desdobramento que a revista Dobra dedica à partilha de reflexões, trabalhos artísticos e iniciativas colectivas que testemunham o imponderável presente que é o nosso.
Tomás Maia — Manuel Valente Alves — Pedro Zamith — Aurelindo Jaime Ceia — Luiz Carvalho — Rui Matos — Fernando Estevens — Carlos Guerreiro — Manuela Matos Monteiro — Rui Macedo — João Catarino — Isabella Beatrix — António Trindade.
Continuamos a acolher a partilha das vozes e dos olhares.
www.revistadobra.pt
O nosso ethos: o que nos move
- Detalhes
- Categoria: Notícias
A actividade editorial, como qualquer actividade humana, não é social ou politicamente neutra. Nas disciplinas de gestão de empresas, este fenómeno é abordado, embora de forma marginal, normalmente referindo-se às externalidades das empresas (efeitos no ambiente resultantes da sua actividade), sendo usualmente designado por «responsabilidade social» das empresas.
A responsabilidade de uma empresa editorial é bem maior do que normalmente se pensa. Assim, no que respeita à «responsabilidade social», defendemos que todas as actividades económicas se deveriam submeter a normas de um desenvolvimento humano sustentável, se bem que, a nosso ver, a própria definição de Desenvolvimento Humano Sustentável (DHS) proposta pelo Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) ainda seja muito tímida e redutora.
No nosso ADN consta a preocupação com o ambiente e a sobrevivência do planeta e pautamos a nossa atividade pela exigência de qualidade em detrimento da quantidade. O DHS (Desenvolvimento Humano Sustentável) não pode, porém, ter apenas as componentes económica e ambiental, deve ter uma forte componente cultural, aliás indissociável das primeiras. Assim, a promoção de um DHS não pode ser apenas uma proposta de novos modos de fazer e consumir no aspecto económico e ambiental, tem necessariamente de ter uma componente de novas formas de encarar a «produção» e «distribuição» de bens culturais, designações que propomos, desde já, substituir por «criação» e «fruição» de bens culturais.
Neste âmbito, não descurando todos os projetos em curso, que já concorrem para os desideratos acima referidos, colocámo-nos ao serviço de um novo projeto em três vertentes, intitulado «(I)materialidades - Etnografia e Património», com a sua primeira materialização em três publicações que aguardam um lançamento presencial.
Bella Ciao Homenagem à Itália
- Detalhes
- Categoria: Olhares
O BELLA CIAO,
Ana Isabel Marques
Não me sai da cabeça esta música popular italiana, símbolo da resistência nacional à ocupação nazi durante a segunda guerra mundial. E, assumidamente, comovo-me ao trauteá-la. E não sei como, nem porquê, mas faço desta toada o som com que me identifico neste momento: é preciso coragem, resiliência e resistência.
Porque é que sinto esta comoção? Genuinamente, não sei. Arrisco dizer: porque é uma referência forte de um povo latino, que, por todas as razões (histórico-culturais), nos é próximo em termos de identidade; ou que, por ter estudado com particular pormenor o contexto da segunda guerra mundial, conheço o lastro emotivo da música. Francamente, não sei.
Tenho é as maiores dúvidas de que um ministro das finanças holandês sinta a mesma comoção ao ouvir esta música. E isto leva-me a reflexões que, noutros contextos, fiz já sobre a questão da identidade europeia. Sempre me fez imensa confusão que a União Europeia fosse essencialmente uma união monetária ou fronteiriça para efeitos de agilização da circulação de pessoas e bens. Sempre me quis parecer que esta visão mercantilista da Europa se assemelhava um bocadinho à construção das casinhas dos três porquinhos, contruídas à pressa com o propósito de escapar à ira de um qualquer lobo mau, sem quaisquer preocupações de construção de alicerces ou de verificação de solidez estrutural.
Mais uma vez – e relembro aqui à saciedade as críticas que amiúde ouvi sobre a inutilidade dos estudos das humanidades, da cultura e da literatura –, foram possivelmente a minha assumida ignorância em termos de política e economia e o meu assumido interesse por questões interculturais que sempre me fizerem ver com alguma apreensão a construção de uma União Europeia à margem de uma política concertada, efetiva e continuada da construção de uma identidade cultural europeia. Não ignoro a existência de programas divulgados entre elites académicas ou comunidades escolares, mas sublinho, sim, as lacunas em termos de iniciativas de espectro mais alargado que promovessem o reforço da identidade europeia junto do cidadão comum. Isto porque, de facto, dificilmente nos conseguimos sentir unidos a alguém que mal conhecemos ou que não sabemos quem é. Dificilmente podemos sentir empatia relativamente a um país cuja localização apontamos com dificuldade no mapa, a um povo que desconhecemos, que não sabemos o que fez, ou qual o contributo que deu para este baú imenso de riqueza cultural que é a Europa. E a Europa é isso mesmo: o repositório identitário e cultural de todos os países que a integram. Só conhecendo os povos e as nações é que conseguimos, efetivamente, construir uma identidade europeia. Sim, porque estamos a falar de uma realidade imaterial que se pode (e deve) construir. Dever-se-ia, desde há muito, ter implementado nos curricula uma disciplina sobre o «meu amigo europeu», sobre a história e a cultura dos países europeus. Não quero com isto advogar a inserção de mais uma disciplina, morta e pesada, no dia-a-dia escolar dos alunos, mas sim atividades de participação efetiva no modus vivendi de todos nós, europeus. (Saúdo os programas Erasmus e Komenios, mas não deixo de sublinhar, num outro patamar, o que os velhinhos Jogos sem Fronteiras fizeram pela unidade europeia e pelo conhecimento do meu irmão europeu).
Entretanto, chegou o lobo mau, sob a forma de um vírus covarde, mesquinho e tenebroso. E eis que a solidez da cabana dos 27 porquinhos está, como nunca, a ser posta à prova. E, afinal, parece que há povos que se sentem mais europeus do que outros. Há povos mais próximos do que outros. Há povos que valorizam a união humanitária e outros apenas a questão monetária. Não se norteiam todos pelas mesmas prioridades, nem pelos mesmos valores. Independentemente do respeito pelo princípio (elementar) da solidariedade para com o próximo (que não ouso aqui comentar), verificamos que é muito difícil para alguns países estarem emocionalmente próximos de países que não conhecem e que diabolizaram por via de estereótipos de ignorância.
A velha Europa parece que está literalmente a agonizar, sim! Trata-se de uma morte que não é provocada pelo vírus, mas pela ignorância que mina os laços que deveriam unir todos os europeus.
Sessão do lançamento de POESIA PAGÃ, de Miguel Samarão
- Detalhes
- Categoria: Notícias
APRESENTAÇÃO DA OBRA POR RITA BASÍLIO
Antes de dar a palavra ao autor, gostaria de fazer uma breve apresentação deste livro de Miguel Samarão que, espero, seja o primeiro de muitos.
Quando, no início deste ano, a Editora Textiverso recebeu um email do Miguel Samarão manifestando o seu interesse em publicar sob a nossa chancela, foi unânime, após apreciação do original de Poesia Pagã, o parecer favorável à sua publicação, com o reconhecimento da sua manifesta qualidade poética.
Foi da escolha do autor a excelente fotografia da capa, que estabelece com o corpo do texto, no seu todo, ou com este ou aquele poema em particular, uma relação de simbiose, deixando-nos na indecidibilidade quanto ao primado da imagem sobre o texto ou do texto sobre a imagem. A fotografia da capa celebra o cunho dionisíaco presente no fio condutor que interliga estes poemas, conferindo-lhe a unidade que faz a obra um todo completo em si mesmo.
Na verdade, o próprio objecto livro apela, de imediato, aos nossos sentidos: Poesia Pagã apresenta-se-nos, deste modo, como «uma coisa feliz» (convocando Rilke, nas Elegias de Duino), «uma coisa bela» − a thing of beauty − (nas palavras de Keats).
Poesia Pagã é, assim, o livro com que Miguel Samarão, excelente músico e poeta, se estreia na cena literária, com um traço muito próprio, a que subjaz uma forte componente musical, que desde logo singulariza a sua composição poética e artística.
O termo “lírico” remonta ao grego lyrikós, “relativo à lira”, instrumento musical com o acompanhamento do qual os poetas recitavam os seus versos. Durante o período da Idade Média, como se sabe, os poemas eram cantados. Miguel Samarão vai à raiz desta tradição para nos dar a ouvir, nos seus versos, a voz singular que é a sua. (Como nos deu a ouvir, na abertura desta sessão, a maravilhosa música que também compõe e executa).
Miguel Samarão é, de facto, um poeta. Ser poeta não é dar a um texto a forma gráfica de versos, como parece ser o entendimento de muitos, entendimento que, infelizmente, é incutido às crianças nas nossas escolas, levando-as a acreditar que a mancha gráfica e a rima fazem um poema.
Ser poeta é ter uma prevalecente noção de ritmo, que passa por se ser músico de alma. «O ritmo é a vida» é o título de uma das obras de Henri Meschonnic. E poesia é, acima de tudo, vida. E é esta vida que vibra intensamente nestes poemas. Destaco, por exemplo, logo a primeira estrofe de «Primeiro fado»:
O meu desejo
é que a minha boca ao pé da tua
se torne um beijo
daqueles que transformam o vinho
em Tejo
e transportam a minha saudade tua
a uma ilha.
O envolvimento do poeta no poema enquanto seu sujeito enunciador, tão intrínseco à enunciação quanto a materialidade verbal que a sustenta, é a solicitação a que respondem estas palavras de Ramos Rosa no artigo «Como falar de Poesia», publicado na revista Relâmpago, nº 6, de 2000:
«O poema auto-constitui-se no seu dinamismo transpessoal. [...] O poeta autêntico converte-se na poesia que o insere no universo.»
É nesta medida que Poesia Pagã se apresenta como uma «antologia de estados de alma do autor», e por «autor» entenda-se o Poeta que neles se converte (como sublinha Ramos Rosa no passo que citei) «na poesia que o insere no universo».
É o que acontece quando escutamos este poema concentrado no seu núcleo poético e que se expressa em dois versos, criadores de um ethos em que reverberam cintilações dos haicai:
E se num charco cair uma pedra
esta não volta a ser atirada.
Constituem Leitmotive a embeber estes poemas na ambiência pagã que lhes dá o nome, o vinho, a guitarra portuguesa (a que, «carinhosamente», chama «Elefante Bardo»), as ilhas, as aves…
Mas são a mulher e o amor (o poeta «apaixona-se muito», diz-nos) a linha de força, que corre profunda e modela todo o universo poético em que se nos torna sensível, palpável, o sopro, a respiração do Poeta. Escutemos o final do poema «Uma mulher»:
Quero uma mulher que diga que sim
ou que diga que não
mas que olhe para mim
como quem olha o céu
com olhos de nuvem
e traga para a cama
os dias de sol.
Quero terminar com o poema «Uma grande razão», que é já, só por si, e evocando Mário de Cesariny, uma grande razão para Miguel Samarão não deixar nunca de escrever:
A vida precisa de uma grande razão
de um abraço talvez
e de nunca pedir perdão
do cansaço
ao fim do mês
traído pela satisfação
de começar tudo outra vez.
Passo então a palavra ao autor.
Apresentação da obra Poesia Pagã por Rita Basílio, Investigadora FCSH-UNL
(07.03.2020)
Minitextiverso: apresentação de «A Casa da Árvore F.C.» pelo Instituto Educativo do Juncal
- Detalhes
- Categoria: Notícias
Na passada 4.ª feira, dia 4.03, o Instituto Educativo do Juncal levou a acabo a apresentação do livro Casa da Árvore FC., de Vasco Espírito Santo, com a chancela da Minitextiverso. Recordamos que foi o Vasco que suscitou a ideia desta nossa nova linha editorial, um espaço para dar voz aos pequenos autores.
A apresentação foi dirigida às três turmas do 5.º ano, num universo de 80 alunos e alguns professores.
O início da sessão teve a presença do Sr. Presidente da Câmara de Leiria, Dr. Gonçalo Lopes. Uma grata surpresa.
A apresentação ficou a cargo da professora da escola, que também é seleccionadora de uma equipa de futsal, e que fez uma leitura do livro e da sua mensagem, que muito agradou a todos.
Mais uma vez, os nossos parabéns, ao Vasco, e também à Alice (a pequena ilustradora que fez os desenhos da capa e do fecho do livro).
A Textiverso agradece à Dr.ª Tânia Galeão (do Instituto Educativo do Juncal ) a autorização para publicarmos a informação e as fotos partilhados no Facebook da escola. Escolhemos uma delas, de que fizemos o close up do Vasco, e que aqui apresentamos.
Page 13 of 17